POV Dante
A chave girou na fechadura, e o som ecoou pela casa silenciosa como um lembrete cruel de que eu havia voltado tarde.
De novo.
Fechei a porta devagar, como se o silêncio pudesse ser ferido.
A mansão Harrison dormia. Os corredores estavam escuros, o ar pesado de uma quietude antiga, quase hostil.
Deixei a pasta sobre o aparador, tirei o paletó e soltei um suspiro longo, cansado. O dia tinha sido interminável.
Reuniões, contratos, discussões com advogados, reuniões na editora… e, no meio disso tudo, uma mensagem não respondida, um olhar que me acompanhava desde o jantar fatídico: o dela.
Isadora.
Subi as escadas devagar, o corpo pedindo descanso.
A cada passo, a culpa sussurrava junto com o cansaço: você prometeu estar presente.
Mas o trabalho, a pressão, o peso do nome Harrison, tudo parecia engolir o que restava de mim.
Quando alcancei o andar de cima, notei algo estranho.
A luz do quarto estava apagada.
Nenhum som, nem o choro suave de Sofia, nem o murmúrio da vo