POV Dante Harrison
Ela dormiu. Finalmente. Deitada de lado, com os joelhos recolhidos, os ombros ainda tensos, mesmo em sono. O tipo de sono que não descansa, só desliga pra sobreviver.
Fiquei sentado no sofá por mais de uma hora, com uma faca de cozinha no colo e o celular na mão, checando câmeras de segurança da região, mensagens do advogado, grupos de denúncia. Nada relevante. Nenhum rastro novo. Nenhuma pista. Nenhuma garantia de que a gente realmente estava seguro.
A sensação de estar sendo vigiado não saiu nem por um segundo. Como se cada parede tivesse olhos. Como se cada sombra carregasse o nome dela preso entre os dentes.
Levantei pra beber água. Estava abrindo a geladeira quando ouvi o barulho. Um estalo, vindo de fora. Seco. Como se alguém tivesse pisado numa folha seca perto da varanda dos fundos.
A mão foi automática até a faca. Respirei fundo, encostei a porta da geladeira e fui até a janela da cozinha. A escuridão do mato não ajudava em nada, mas eu vi. Um vulto. Pequen