POV Isadora Ferraz
O envelope ainda estava no chão, mas o que me paralisava era a foto. Eu, dormindo no sofá, vulnerável, de costas para uma porta entreaberta que eu jurei ter trancado. O coração batia no ritmo de uma sirene, e o ar parecia rarefeito. Liguei para Olívia, mas a voz engasgou antes de completar o alô. Desliguei. Tentei respirar. Falhei. Então disquei outro número. Um número que meus dedos já sabiam de cor.
— Isa? — a voz de Dante era alerta, urgente, viva.
Eu não consegui responder. Apenas deixei o telefone cair no sofá e fui até a porta, trancando todas as trancas, olhando para cada canto do apartamento como se os móveis pudessem se mover.
Ele chegou vinte minutos depois, com os olhos incendiados e o corpo em tensão.
— O que aconteceu?
Apontei para o envelope. Ele pegou, leu, viu a foto.
— Merda... — sussurrou, quase rosnando. — Ele entrou aqui.
Assenti com a cabeça. Estava tremendo. A pele gelada. A alma em ponto de estilhaçar.
— A polícia precisa ver isso. Agora.
— Não