O grito cortou o ar da cabine, não como um som normal, mas como uma sirene de emergência. Dezenas de pares de olhos se voltaram para Nunes, mas o que mais o atingiu não foi o olhar em si, e sim a quietude instantânea que se seguiu. Ninguém se moveu, ninguém tossiu, ninguém voltou a teclar. Eles o encaravam, não com preocupação, mas com a impassibilidade fria e absoluta de quem observa um animal no zoológico, ou talvez, um objeto de estudo que está se comportando de forma previsível e indesejada.— Ou! Calma, cara! — Rúi riu, nervoso, todos da nave encarando os dois: — Você tava gemendo altão o nome da mina, de novo!Nunes mordeu o próprio lábio, as lágrimas saindo.Era ele — o amigo que Nunes nunca teve — e por isso insistia existir.— Desculpa… q-que nome eu tava gritando? O da Nevaska?Rúi piscou, confuso.— Nevaska?! — ele arqueou uma sobrancelha: — Não tem mulher na nossa tripulação não, irmão.…O coração de Nunes parou de pulsar por meio segundo, um vento gélido passando pelo es
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