AntonellaOs dias após o pedido de divórcio são um inferno. Não é aquele caos barulhento de gritos e portas batendo, é pior. É aquele tipo de vazio que faz a casa parecer maior. Eu acordo, cuido dos trigêmeos, vou trabalhar, volto, tomo banho, deito. E em cada uma dessas etapas tem um eco com o nome dele.Evito o hospital. Evito até passar na frente da avenida onde o Hospital Central fica. Só de imaginar os corredores brancos, o cheiro de antisséptico e ele deitado numa cama, eu sinto meu peito apertar. Então eu fujo.Evito também olhar para o passado. Mas o passado tem nome e sobrenome: Alonzo Karvell. Ele está em cada canto da mansão, no som da risada dos meninos, na xícara onde ainda sinto o gosto do café que tomávamos juntos, no travesseiro que tem cheiro dele mesmo depois de tantas lavagens.Minha avó percebe, claro. Ela sempre percebe.Na terceira manhã depois do pedido de divórcio, ela entra no meu quarto sem bater. Traz uma caneca de café e senta na ponta da cama, com aquele o
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