LaylaEu demorei para admitir, mas quando a gente decide enxergar, o mundo não volta ao escuro. Kaleo estava no meu sofá como se fosse território neutro que, de algum jeito, aprendemos a dividir, meus livros numa pilha torta, o casaco dele jogado no braço do móvel, duas canecas com chá que ele preparou do jeito torto que só ele consegue, forte demais, quente demais, perfeito para mãos que tremem.Ele falava de Mag, a avó, e a sala amoleceu junto com minha guarda.— Mag diz que meu pior defeito é achar que posso mover pessoas como peças. — ele comentou, brincando com a borda da caneca — E que meu melhor defeito é que, quando eu amo, eu desobedeço a mim mesmo.— Ela parece sábia. — respondi, tentando soar imune.— Ela sabe mais de mim do que eu gostaria. — A risada veio rouca, baixa, como uma corda antiga vibrando — E te observaria por cinco minutos antes de me dizer: “menino, você já perdeu.”Finjo que não sinto a pele arrepiar com o timbre dele. A risada de Kaleo tem um jeito de deslo
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