Hoje, minha pequena princesa acordou resfriada.Clara vai fazer dois anos e é uma das razões do meu viver — a outra é Celly, minha rainha. Nem lembro mais como era viver sem elas. Sou um homem feliz, desde o dia em que conheci a Celly não nos desgrudamos mais.Ela é psicóloga. Quando o Marcos ficou viúvo, se fechou para o mundo. Eu ainda conseguia me aproximar dele, ser seu confidente. Acho que somos mais próximos do que ele e o Pietro, o irmão. Antes, éramos inseparáveis — os três, agora somos mais os dois.Nos conhecemos quando tínhamos uns dez anos, nossas mães também são amigas.Mas voltando à Celly… ela é irmã do Fernando, o psiquiatra que atendeu o Marcelo naquela época.Nos conhecemos há quatro anos. Eu estava em uma consulta com o Fernando, como sempre fazia, e ela estava na recepção, esperando o irmão para almoçar. Conversamos e foi uma conexão imediata.Trocamos telefones, e um mês depois já estávamos namorando. Na verdade, quase casados, porque vivíamos juntos — ora no meu

A semana foi corrida, muito trabalho, porém o senhor Geovani é muito simpático e educado, o que faz o trabalho ser prazeroso.Conheci a esposa dele, a Celly — uma querida. Ficamos de nos encontrar um dia desses. Ela me mostrou a foto da filha, a Clara… que criança mais linda! Também, com aquela genética, só podia. Rio em pensamento.Apesar de estar tocando a vida normalmente, ainda me pego pensando naquele homem.Sonho com ele e é como se revivesse cada toque, cada olhar, aquela voz…Ai, me arrepio só de lembrar.Às vezes fico pensando: será que foi assim com minha mãe?Ela ficou com meu pai por uma semana, se viu grávida e sozinha.Ainda bem que tinha a vovó. Mas custou a vida dela.Teve vezes em que disse à vovó que eu a tinha matado, mas ela me repreendia logo.Mesmo assim, às vezes dá um aperto.Só a conheci por fotos. Pareço um pouco com ela, mas devo ter algo do meu pai também — aquele amor de verão que só durou uma estação.Ah, não vou ficar remoendo o passado, nem me prender a

Hoje é sábado. Dormi um pouco mais e fiquei deitada, refletindo sobre como foi minha semana.Acho que vou tirar de letra o novo trabalho — é intenso, mas sempre gostei de um bom desafio. Me encaixei bem no ambiente, fiz novos amigos e me sinto leve.Hoje, uma amiga da Júlia, que estava viajando de férias, vem almoçar conosco. Pelo que a Júlia fala, ela é divertida e de bem com a vida. Também é amiga do Gil — e eu, como sempre, sou a exceção à regra: mais reservada, mas firme nos meus propósitos.Resolvo parar de divagar e vou pro banho. Aproveito pra cuidar melhor dos meus cachos, coisa que só faço com calma nos fins de semana.Durante o banho, esfolio o corpo, hidrato a pele… e, sem querer, meus pensamentos voltam aos toques daquela noite.Aí, meu Deus… por que não consigo esquecê-lo?Não vou vê-lo novamente.Mas algo em mim ainda o sente.Saio dos devaneios com o toque do celular — é a Celly, me convidando pra um lanche à tarde.Criamos uma conexão espontânea, e aceitei na hora. Alé

Depois de um final de semana tranquilo, começa a segunda-feira.Hoje passo a trabalhar diretamente com o senhor Ferrari. Dizem que ele é um homem exigente, mas tudo que o Geovani me passou eu dou conta.Estou até me arrumando com um certo cuidado a mais — não quero causar má impressão. Escolhi uma saia preta que modela meu corpo, uma camisa branca de seda e um scarpin vermelho. Caprichei na maquiagem, sem exageros, só o batom que resolvi ousar num vermelho marcante. Deixo os cabelos soltos, está com o volume certo, e finalizo com meu perfume preferido. Pronta.Quando saio, as meninas aplaudem.— Bobas! — rio, meio sem graça. — Dois mulherões desses, até parece.Mando um beijo e sento ainda rindo. Já estou acostumando com o jeito delas. Hoje o Gil não está, mas já sinto falta. Ele foi direto pra empresa.Fomos juntas, eu e as meninas, conversando leve, rindo de bobeiras. Elas são muito agradáveis.Sempre chego antes do meu horário, assim como dona Rita. Assim que chego, ela me pede pra

No sábado marquei uma reunião com um novo acionista.Me arrependi amargamente.Só eu sei a dificuldade que foi manter a atenção no assunto, com a cabeça tomada por outra coisa… outra pessoa.Em certo momento, a frustração foi tanta que até suspirei alto.O Geovani riu disfarçado.O André acompanhou.Figlio di puttana.Amigos da onça.Sabem da minha frustração por não ter conseguido descobrir quem era a mulher daquela noite.Nem eu sei o que tem dado em mim.Quando a reunião acabou, foi até um alívio.Voltei na boate — idiota da minha parte.Não a vi.Bebi um pouco, voltei para casa.Não devia ter levado ela para meu quarto.Porque agora tudo ali lembra ela.Cada canto, cada toque, e até o maldito cheiro que já nem deve existir mais… mas minha memória insiste em inventar.Domingo, almocei na casa do Geo e da Celly.Estava com saudades da minha pequena Clara.Ela sempre me coloca de volta no eixo, de um jeito que nem eu entendo.Adoro criança…No passado, antes de tudo que passei, eu qu