O dia amanheceu lindo, como se Manhattan tivesse sido cuidadosamente iluminada só para nós. Do alto do triplex, a cidade se abria em camadas: os prédios de vidro refletiam o céu claro do inverno, o Hudson seguia calmo ao longe, cortado por linhas discretas de barcos, e o sol invadia a sala em faixas douradas, aquecendo o chão e os móveis recém-chegados. Havia algo de solene naquela vista — a sensação de estar no centro de tudo e, ainda assim, protegido do caos.Providenciei a contratação dos funcionários e, enfim, lá estávamos nós, no nosso novo endereço em Nova York. Os dias se seguiram assim: eu sempre atarefado com as decisões da Maison, reuniões, contratos, responsabilidades que não esperam; mas nunca deixando de arrumar tempo para nós dois, para os almoços tranquilos, para os fins de tarde juntos, para viver, com presença, a reta final da gestação.A véspera de Natal se aproximava, assim como o meu aniversário, quando, numa madrugada especialmente fria, o telefone tocou e me arra
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