A chuva começava a cair em gotas miúdas quando Helena saiu do prédio da empresa. Estava cansada, a cabeça latejava desde o meio da tarde. Pensava apenas em chegar em casa, descansar, e continuar à noite com as caixas da mudança — o novo apartamento, a escola de Lucas, a transferência. Tudo já estava encaminhado. Tudo, menos a paz dentro dela. Mas antes que pudesse destravar o carro, um farol a cegou. O som brusco de um motor e o nome dela sendo chamado: — Helena! O coração dela disparou. Adriano estacionou atravessado, saiu do carro e veio em direção a ela com o semblante transtornado. — A gente precisa conversar — disse, ofegante. — Adriano, por favor, não aqui… — tentou evitar, olhando em volta. — Aqui mesmo — ele respondeu, a voz firme, quase rouca. Por um instante, Helena pensou em recusar. Mas o olhar dele estava diferente — não era raiva, era desespero. Suspira, cede. — Tá bem… entra. Mas ele balançou a cabeça. — No meu carro. Helena hesitou, mas o seguiu.
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