Dois dias depois do telefonema de Bettina, o jato particular de Nicolas pousava suavemente no aeroporto de Boston. Emily desceu acompanhada da mãe, Grace, que caminhava com passos cautelosos. O motorista designado aguardava junto à escada da aeronave, cumprimentando-as com deferência antes de recolher as malas. Sem demora, ambas foram conduzidas diretamente à mansão Langford.A imponente propriedade se erguia com seus jardins meticulosamente cuidados e uma fachada que transmitia a solidez de gerações. Quando o carro parou diante da entrada principal, Bettina já as esperava no alto da escadaria. Assim que avistou a amiga, correu em direção a ela, abraçando-a com força.— Graças a Deus você chegou, Emily. Eu não sabia se conseguiria esperar mais. — sua voz carregava alívio. — A cirurgia da minha mãe será amanhã. Eles a mantiveram em observação porque houve algumas complicações. Agora posso viajar tranquila.Emily apertou-lhe as mãos com ternura. — Fique calm

Depois de deixar Edmund já quase dormindo e se perder olhando longamente para a fotografia de Charlotte, Nicolas sentou-se à beirada da cama com o seu celular. Respirou fundo, em um gesto automático, ligou para a irmã, precisava falar com alguém de confiança.Ela atendeu quase de imediato, com a voz preocupada:— Nick? Aconteceu alguma coisa?Ele passou a mão pelos cabelos, exausto. — Sim, boa noite, aconteceu algo estranho.— O que é, Nick? Fala logo, você está me deixando nervosa.— A nova babá, — ele fez uma pausa, como se ainda não acreditasse no que estava prestes a dizer. — Eu cheguei há pouco em casa, e foi como se Charlotte estivesse aqui.— Como assim? — a voz dela tremeu. — Você precisa me explicar isso melhor.— A babá é cópia fiel da Charlotte — murmurou, a emoção contida na garganta. — Só que há diferenças sutis, Ela é um pouco mais nova que Charlotte, os cabelos tem outro tom, não é castanho-claro; é um

Nicolas permaneceu imóvel diante do prato. A voz de Emily ainda ressoava em sua mente como um sussurro desconfortável e, ao mesmo tempo, reconfortante. Lembrar das coisas boas. Essas palavras eram simples, mas atingiram-no como uma flecha certeira no coração.Passou a mão pelo rosto, cansado, e pensou:— Esse é o problema… — murmurou para si mesmo, olhando para o nada. — Não tivemos lembranças boas.Seu casamento com Charlotte nunca fora um conto de fadas, nunca existira cumplicidade de amantes. Apenas acordos, contratos, promessas frias. Até mesmo o filho que agora dormia no andar de cima havia sido um projeto, planejado, calculado, realizado por inseminação artificial.Ele fechou os olhos por um instante, apertando os punhos sobre a mesa. — Nosso casamento foi apenas um convívio… mais como amigos do que como marido e mulher.Por um momento, sentiu um aperto sufocante no peito. Emily estava certa: havia, sim, lembranças que podiam ser gu

A descoberta de GraceNa manhã seguinte, Emily entrou na edícula carregando uma bandeja simples, com o café que ela mesma havia preparado. A luz suave do sol atravessava as cortinas brancas, iluminando o rosto cansado de Grace. Assim que a filha adotiva colocou a bandeja sobre a mesinha de apoio, ela sorriu com ternura e disse:— Minha filha, não precisa interromper seu tempo com o bebê para trazer meu café. A Bettina não disse que teria uma funcionária à minha disposição? Deixe que ela cuide dessas pequenas coisas. Você só venha quando puder passear com o menino.Emily ajeitou a bandeja e suspirou. — Eu sei, mamãe, mas gosto de cuidar da senhora. Trouxe meu café também, vou tomar no quarto antes de voltar para a mansão. O Ed ainda está dormindo. Mais tarde mando o almoço por ela, e à tardinha eu mesma venho trazer o jantar, aproveito e trago o Edinho para a senhora conhecer.Grace sorriu, acariciando de leve a mão da filha. — Está bem. Só não que

O Segredo ReveladoEmily entrou apressada na edícula, trazendo uma bandeja com frutas e um copo de suco para a mãe. Na outra mão, segurava a babá eletrônica ligada.— Mamãe, está tudo bem? Eu não posso demorar, deixei o bebê dormindo e a irmã do Dr. Nicholas está com ele só por alguns minutos.Grace ergueu o rosto, sério, e segurou a mão da filha.— Emily, sente-se. Eu preciso te contar algo que vai mudar a sua vida.Emily pousou a bandeja sobre a mesinha e arregalou os olhos.— O que foi, mamãe? Não me assuste assim.Grace respirou fundo, procurando as palavras certas.— Há alguns dias, conversando com a Marilyn.— Quem é Marilyn? — Emily franziu a testa.— A jovem que vem aqui cuidar da casa, organizar as coisas para mim. Ela me contou detalhes sobre a esposa do Dr. Nicholas. E, minha filha eu tenho certeza de que a mãe do pequeno Ed é a sua irmã.Emily levou a mão ao peito, como se tivesse levado um golpe.— O quê? Como assim, mamãe?— Lembra quando você me disse que o Dr. Nicholas