CharlotteBoston era bonita, mas fria. Quando cheguei aqui, eu tinha apenas sete anos. Todos diziam que eu era uma criança de sorte: tinha sido escolhida por uma família rica, com uma casa imensa, roupas caras e brinquedos que qualquer criança desejaria.Mas ninguém me perguntou se eu queria estar aqui.Na primeira noite, deitei-me no quarto enorme, com cortinas de seda e uma cama que parecia engolir o meu corpo pequeno. As paredes eram claras, cheias de enfeites, bonecas enfileiradas em prateleiras como se fossem soldados. Mas, para mim, não significava nada. Eu já tinha tido um quarto bonito antes, com brinquedos e bonecas, e lá estava o que importava: minha mãe, meu pai, minha irmãzinha.Naquela noite, chorei em silêncio. Chorei pelo cheiro do café da mamãe pela manhã, pelo sorriso cansado do papai quando chegava do trabalho e, ainda assim, se sentava ao meu lado para contar uma história. Chorei porque não tinha ninguém para me ouvir dizer “boa
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