Eu sei que o tio Philipe não nos quis. Sei que ele olhou para mim e para Emily e não viu duas meninas precisando de carinho e abrigo. Viu apenas peso. Viu apenas um obstáculo para se apoderar de tudo que era nosso.
Um dia, escondida atrás da porta do escritório, ouvi meu pai adotivo conversando com minha mãe. Eles também eram advogados. E foi assim que descobri a verdade.— Ele usurpou tudo, — meu pai dizia, com voz seca. — E não teve coragem de assumir as sobrinhas. Um homem covarde.Aquelas palavras ficaram gravadas na minha mente como ferro em brasa. O usurpador. O homem que deveria ter sido nosso guardião, mas que preferiu se tornar ladrão.Naquela noite, deitada na minha cama luxuosa, abracei a foto escondida no travesseiro e sussurrei para Emily:— Ele nos roubou, irmãzinha. Roubou o que era nosso por direito. Roubou não só a casa, não só as lembranças, mas a chance de crescermos juntas.E então fiz uma promessa a mim mesma: qua