Ryan ficou ali, estático, com o jornal ainda pendendo da ponta da mesa. A manchete escancarava a exposição que ele tanto tentava evitar. Do outro lado, sentada com a perna cruzada na poltrona à frente dele, ela inclinou levemente o corpo, apoiando os braços nos joelhos.A voz saiu firme. Sem tremor. Sem meias palavras.— Eu exijo que você faça exames. — O tom dela cortava o ar como uma lâmina bem afiada. — Você não tem o mínimo de cuidado com as mulheres com quem anda. Isso aí — apontou com o queixo para o jornal — aconteceu ontem à noite. A partir de hoje, se acontecer de novo, você já vai perder.O avô de Ryan pigarreou, desconfortável, mas não interrompeu.— Pra que eu aceite essa inseminação artificial ridícula que você e seu avô me impuseram, eu quero exames de laboratório em dia. — Ela falava olhando diretamente nos olhos dele. — Não vou correr o risco de uma criança nascer doente por irresponsabilidade sua.Ryan abriu a boca pra di

Ryan estava encostado na mesa, o rosto ainda marcado pela vergonha. O escândalo com Lucy corria pelos corredores em sussurros sufocados, e a autoridade do avô pesava sobre seus ombros como uma corrente. Pela primeira vez, ele não sabia como sair de uma situação.A porta se abriu devagar. Aimee Molina Fernandes entrou com passos decididos. Trazia no olhar uma mistura de dureza e compaixão, mas não para ele — e sim pelo velho patriarca.— Eu vou lhe ajudar, Ryan. — A voz dela cortou o silêncio. — Mas não se engane. Não vou fazer isso por você. Vou fazer pelo seu avô.Ele ergueu o olhar, surpreso.— Ajudar? — riu nervoso, passando a mão pelos cabelos. — Depois de tudo o que aconteceu?Aimee cruzou os braços.— Exatamente por isso. Mas tem uma condição: você tem que querer ser ajudado. Então me diga, você quer?Ryan suspirou fundo, o orgulho ferido se debatendo dentro dele.— Eu nunca estive em uma situação tão constrang

Minutos depois de sair da sala, o celular de Ryan vibrou. Ele abriu a mensagem e leu:"Me envia essas fotos, porque à noite eu preciso criar o meu Instagram. Envia para esse número. Esse é o número da empresa, o celular corporativo. Eu não tenho celular. Mas me envia que eu vou ter que criar o meu Instagram por aqui mesmo."Ryan suspirou, rindo sozinho. Antes de responder, digitou rapidamente:"Eu vou te dar um celular. Só para você."A resposta dela veio em segundos:"Não, não precisa."Ele franziu o cenho, insistindo:"Sim, precisa."E sem esperar concordância, selecionou as fotos e as enviou para o número que ela havia passado. Mas ao invés de se desligar do assunto, Ryan ficou preso olhando para as imagens que ela mesma havia publicado em seu Instagram. A foto das mãos com as alianças. O sorriso iluminado. O cabelo solto em camadas. A pose com o anel junto ao coração.Cada clique parecia revelar uma

Flores para MercedesRyan estacionou o carro com cuidado no pátio do hospital. Em seguida, abriu a porta de trás e pegou o buquê de rosas brancas com lírios que havia comprado especialmente para Mercedes. Deu a volta no carro, abriu a porta do lado da Aimée e estendeu-lhe a mão.Ela aceitou o gesto, e juntos caminharam para dentro do hospital, atraindo olhares discretos no caminho.Na recepção, Aimée aproximou-se do balcão e falou com firmeza:— Boa noite. Aimée Molina Fernandes e doutor Ryan Trovato. Viemos visitar minha mãe.A recepcionista consultou rapidamente a tela do computador e sorriu.— A senhora Mercedes já está no apartamento. Hoje mesmo saiu da enfermaria, depois da sessão de radioterapia. Foi transferida para o apartamento reservado pela senhora Silitta. — Ela estendeu dois kits. — Vocês precisam usar máscara e bata antes de subir.— Tudo bem. — respondeu Aimée, pegando o material.Eles seguiram para a ala

A APRESENTAÇÃO OFICIALO carro desceu a rampa até o subsolo luxuoso do condomínio. Ryan estacionou no espaço reservado e desceu primeiro, dando a volta para abrir a porta do passageiro. Aimée saiu, visivelmente tensa, observando cada detalhe do ambiente sofisticado.Eles atravessaram o estacionamento e seguiram para o hall interno. No balcão de mármore da recepção, dois seguranças e a atendente se endireitaram assim que o viram.Ryan segurou a mão de Aimée com firmeza e anunciou em voz clara:— Esta é a minha noiva, Aimée Molina. A partir de hoje, ela está morando comigo.A recepcionista piscou, surpresa, mas manteve o tom respeitoso.— Sim, senhor Trovato.Ryan completou, olhando em volta para todos os funcionários:— A única outra pessoa que tem permissão para entrar no meu apartamento é o meu avô, como vocês já sabem. E, em breve, a mãe da minha noiva, quando sair do hospital. Fora isso, ninguém mais.Aimée sentiu o coração disparar. Aquela declaração pública era muito mais do que