O jantar transcorreu normalmente. Mesas iluminadas por velas, garçons circulando entre os pratos, o som distante das ondas entrando pelas portas abertas do restaurante. Meu pai parecia calmo, sorrindo casualmente, participando das conversas como qualquer outro convidado. Por um instante, me perguntei se toda aquela imagem que eu carregava dele rígido, fanático, controlador, não tinha sido exagerada.Comemos, conversamos, rimos um pouco. Mas, mesmo assim, havia sempre aquela sombra sobre mim. Por mais que tudo parecesse normal, eu sentia a mágoa do passado, cada erro dos meus pais, cada imposição, cada momento em que fui subjugada, como se pairasse sobre a mesa, invisível para todos, mas pesada em mim.Quando os garçons trouxeram o bolo, meus olhos se fixaram na vela dourada com o número 25. Era meu aniversário, mas, ao olhar para aquela pequena chama, senti o peso de tudo que vivi: anos de imposição, de decisões tomadas por outros, de limites e fé que não me pertenciam.Fechei os
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