— Tem certeza de que quer ir? — Juno perguntou, ajeitando a jaqueta preta enquanto se observava no espelho rachado.Melia estava sentada na beirada da cama, amarrando o cadarço dos tênis baratos que usava apenas para as longas caminhadas entre o bairro dos renegados e o centro. Seus dedos tremiam levemente, e a respiração estava irregular.— Não tenho escolha, Juno. — respondeu com a voz baixa, quase um sussurro. — Não tem outro jeito. Preciso ir e torcer para que aquela… Mulher me aceite.— A gente pode dar um jeito, procurar outro lugar...Melia ergueu os olhos, exausta, como se não houvesse espaço para esperanças naquele momento. E não havia, não queria se iludir mais, aquela era sua vida agora.— Com o quê? Com que dinheiro? Juno, sem aquela boate, sem auele maldito dinheiro, não vai dar, nos duas sabemos. Sabe que, se eu não for hoje, se não me resolver com aquela… Aquela mulher, ela me tira do quadro e me coloca na rua.Juno suspirou e se sentou ao lado dela, pegando suas mãos tr
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