As Sombras de um Segredo: Descobrindo sensações
As Sombras de um Segredo: Descobrindo sensações
Por: Hellen Brenfort
Capítulo 1 – A Casa no Fim da Estrada

(Narrado por Camila)

O cheiro de eucalipto invadiu minhas narinas assim que o carro passou pelos portões de ferro da casa de campo da família da Clara. A estrada de terra ainda me causava certo desconforto, mas havia uma beleza bucólica em tudo aquilo. Os pinheiros altos balançavam lentamente, como se dançassem para me dar boas-vindas. Só não sabiam que eu não tinha vindo a passeio.

Meu bloqueio criativo já durava quase três meses, e com o prazo final do meu livro se aproximando, o desespero me consumia em silêncio. Eu não aguentava mais abrir o notebook e encarar uma página em branco como se ela estivesse rindo da minha incapacidade. Me sentia exausta, frustrada e... vazia. Foi então que Clara, minha melhor amiga desde os tempos do colégio, praticamente me arrastou até aqui.

— Você precisa de ar puro, Cami! De natureza, de inspiração! — ela disse, me convencendo com aquele sorriso impossível de resistir. — Quem sabe um pouco de silêncio e vinho resolvam o que terapia e café não deram conta.

A porta do carro ainda nem tinha fechado e ela já estava pulando em cima de mim como se não nos víssemos há anos.

— Meu Deus, você tá mais magra, sua maluca! — disse ela, me apertando com força. — Mas continua linda... mesmo com essa cara de zumbi!

Soltei uma risada. Clara sempre foi minha dose diária de loucura equilibrada. Onde eu sou introspectiva e metódica, ela é impulsiva e intensa. O tipo de mulher que vive tudo com cem por cento da alma — e não se importa com as consequências depois.

— Você sabe que minha cara de zumbi é charme, né? — retruquei, rolando os olhos. — E sim, eu tô péssima, obrigada por perceber.

Ela me puxou pelo braço, ignorando totalmente minha reclamação, e fomos em direção à enorme casa de pedra, com janelas rústicas e cercada por uma varanda com redes penduradas. Uma casa que parecia saído de um conto antigo, o cenário perfeito para um livro... Se ao menos minha mente colaborasse.

Foi então que eu o vi.

Um homem, de costas, curvado sobre o que parecia ser uma planta arquitetônica sobre a mesa. A camisa branca dobrada nos cotovelos revelava braços fortes, tatuados discretamente. O jeans escuro, os cabelos levemente bagunçados... havia algo nele que fez meu estômago revirar. Como se meu corpo soubesse antes de mim que aquele homem traria problemas.

Ele ergueu os olhos por um breve instante e nossos olhares se encontraram. Não durou mais que dois segundos. Mas foi o suficiente. O calor subiu pelo meu pescoço, queimando minhas bochechas. Desviei o olhar, envergonhada, como se tivesse sido pega invadindo um espaço que não era meu.

— Ah, esse é o Gabriel — disse Clara, casual. — Ele tá cuidando da reforma da casa pra meus pais. Arquiteto. Discreto. Misterioso. E solteiro. Só dizendo...

— Nem vem, Clara — resmunguei. — Tô com a cabeça cheia demais pra qualquer coisa.

— Mas seus olhos não estavam, viu? — ela riu.

Antes que eu pudesse responder, outro vulto surgiu no final do corredor. Alto, com postura arrogante, e aquele maldito sorriso de canto de boca que eu odiava com todas as forças.

— Camila — disse Daniel, com voz arrastada e olhar indecente. — Finalmente nos reencontramos.

— Infelizmente — murmurei, quase imperceptível, mas com vontade de gritar. — Oi, Daniel.

Clara, claro, nem percebeu o veneno na minha voz. Seus olhos brilhavam só de vê-lo, como sempre. Aquilo me dava náuseas. Ele não merecia o coração dela. Mas como dizer isso sem destruí-la?

Fiquei em silêncio. O tipo de silêncio que carrega mais palavras do que qualquer grito.

E tudo isso... era só o começo.

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