(Narrado por Daniel)
As pessoas sempre subestimam quem sabe sorrir com calma.
Clara, por exemplo, acredita em tudo o que sai da minha boca.
Camila... nem tanto.
Mas ela vai aprender.
Estava sentado no balanço do jardim dos fundos, observando pela janela o movimento da varanda. Vi Gabriel se afastando com aquela expressão amassada de culpa. A mesma que homens fracos fazem quando cometem o erro de ir longe demais. E Camila... ela estava ali, parada, com o rosto corado, os lábios apertados, como quem lutava para não desabar.
Foi quando eu soube.
Eles transaram.
E agora ele estava fugindo como o cachorro assustado que é.
Sorri por dentro, mas por fora apenas ajeitei a manga da camisa.
Clara apareceu com dois copos de suco.
A doce, ingênua Clara.
— Amor, você viu a Cami? Ela sumiu depois do almoço. Achei que estivessem conversando.
— Conversamos um pouco sim — respondi, com meu melhor tom leve. — Ela anda sensível... acho que precisa de espaço.
Ela assentiu, preocupada. Mal sa