O amanhecer chegou sem pressa, mas ninguém parecia disposto a esperar que o sol subisse por completo. Quando abri a porta do alojamento, o pátio já fervilhava de vozes e passos apressados. Deborah distribuía instruções com o semblante sério, apontando pranchetas, empilhando caixas, chamando nomes.Por um segundo, fiquei parada no degrau, observando tudo. Antes, aquele movimento me intimidava. Eu tinha medo de ser só mais um peso, alguém que não sabia onde se encaixava. Mas, naquela manhã, percebi que já não precisava perguntar a ninguém o que fazer. Eu apenas sabia.— Você vem? — June apareceu atrás de mim, prendendo os cabelos num coque malfeito. O rosto dela estava cansado, mas havia uma energia nova, como se a pressa do dia também tivesse varrido qualquer resquício de dúvida.— Claro — respondi, descendo os degraus.Fui direto até o caminhão menor, onde alguns voluntários carregavam sacos de farinha e latas de óleo. Um homem que eu não conhecia me entregou uma lista escrita à mão,
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