O amanhecer chegou tímido, filtrado pelas cortinas semiabertas. A luz se espalhava devagar pelo quarto, tocando o lençol, o contorno dos corpos, a respiração tranquila que enchia o silêncio.Cecília despertou primeiro, ainda aninhada contra Enrico. Por um instante, ficou imóvel, sentindo o calor dele e o ritmo lento de seu peito. Havia uma paz estranha ali — quase irreal — uma ausência de medo que fazia o mundo parecer suspenso.Virou o rosto um pouco, observando-o de perto. As olheiras fundas, o cabelo desalinhado, o cenho levemente franzido até mesmo no descanso.Ele parecia exausto — mas a forma como a abraçava, como se ainda tivesse medo de soltá-la, fez o peito dela apertar.Cecília passou os dedos devagar pelo braço dele, um gesto hesitante, quase incerto.Enrico se mexeu ligeiramente, respirando mais fundo, e depois abriu os olhos.O olhar sonolento encontrou o dela, e por um instante, nenhum dos dois disse nada. Apenas se olharam — como quem tenta se certificar de que o outro
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