O ar do morro estava denso, pesado de fumaça, de promessas quebradas, de morte. E naquela porra toda, eu era o rei. Cada viela, cada buraco fedido, cada rastro de sangue tinha meu nome cravado.Desci as escadas do barraco devagar, o peso da Glock na cintura me lembrando que, ali, quem mandava era eu. Na boca, os manos estavam no pique. Caveira me viu chegando e já veio apressado, a cara fechada. — Playboy, deu ruim no Beco. — Ele cuspiu a notícia, nervoso. — Gambé subiu, levaram dois, sumiram com a carga. Travei o maxilar, o sangue subindo rápido. Polícia no meu território? No meu morro? Sem aviso?Respirei fundo, mais para não meter bala no primeiro que cruzasse meu caminho do que para me acalmar. — Quem? — perguntei, a voz baixa, carregada de ameaça. — Pivete e Zóio. Pegaram de surpresa. Sem aviso, sem barulho. Passei a mão no rosto, pensando rápido. Sabia o que aquilo significava, traição.Olhei em volta. Todos me encaravam, esperando. Só se respirava quando eu mandava. — Jun
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