O cheiro de tinta fresca, café frio e papel velho impregnava o pequeno quarto alugado. A mesa improvisada, feita com cavaletes e uma tábua de madeira, estava completamente tomada por anotações, recortes de jornais, folhas amassadas e rabiscos desconexos.As paredes, antes brancas, agora eram painéis vivos de obsessão: fotos dela, rastros de endereços antigos, transcrições de áudios, registros públicos, notícias locais... e bem no centro, um nome circulado três vezes, sublinhado, rabiscado com força até quase rasgar o papel:“HELENA.”A mesma garota. A mesma mulher. O mesmo sorriso que perseguiu nos corredores da escola. Agora com outro nome, outro rosto, outra vida. Mas os olhos... Os olhos eram os mesmos. E, para ele, isso bastava.O peito arfava pesado. O mundo parecia girar ao redor de uma única certeza: ela estava viva. E ele não perderia novamente.Mas não podia ser como antes. Chegar perto, observar escondido... Isso não funcionaria
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