O silêncio na sala era tenso. Valentina estava diante de uma câmera. Nada de maquiagem, nem luz artificial. Apenas a luz natural entrando pela janela da fazenda nos Alpes, iluminando seu rosto marcado por olheiras, cansaço e algo mais forte: convicção. Francesca ajustava o microfone com delicadeza, como se cada fio representasse um limite a ser ultrapassado. — Você tem certeza disso? — perguntou. — Ainda podemos vazar as informações sem rosto, sem nome. — Não. Se for pra mudar alguma coisa, precisa ser com a minha voz. Com o peso da verdade. Eles sempre se escondem atrás de sombras. Eu quero ser a luz. Davide a observava em silêncio. Estava armado. A fazenda era segura, mas o mundo lá fora já começava a se mover — e eles eram os primeiros alvos. — Três... dois... um... gravando — disse Francesca. Valentina respirou fundo. E falou: — “Meu nome é Valentina Mancini. Durante meses, vivi sob identidades falsas. Fui manipulada, ameaçada, usada. Tudo para que um pequeno grupo de pes

Zermatt, Suíça. As montanhas pareciam irreais, cobertas por neve virgem, como se o tempo tivesse parado. Mas no subsolo daquele paraíso alpino, o futuro estava sendo moldado à força — e não havia nada de puro ali. Valentina, agora Celine Navarre, desembarcava no heliponto privativo do Solstice Alpine Resort. Seu cabelo estava cortado, ruivo outra vez. As lentes de contato azuis refletiam o céu gelado. Usava um casaco branco com forro dourado e uma pulseira com chip biométrico que Francesca programara pessoalmente. Ao lado dela, Enzo, trajado como um magnata italiano do setor de energia renovável, exalava charme, poder e segurança. Ninguém os questionou. O resort era, oficialmente, uma estrutura de realidade imersiva voltada para investidores de tecnologia. Mas, no subterrâneo, abrigava o Núcleo — o sistema que sustentava a maior parte do controle digital da PROJETCIO na Europa. Francesca estava no comando da operação remota, conectada por canal encriptado. — Sem erros, Valentin