A poeira do galpão abandonado assentava-se sobre Leonardo como um sudário, mas em suas mãos, o diário de Lorenzo Bellini era uma chama viva. Cada página virada, cada linha desbotada pela tinta do tempo, era um grito silenciado, uma peça do quebra-cabeça de sua vida que finalmente começava a se encaixar. A genialidade de seu avô, suas invenções, seus sonhos de construir um futuro na nova terra, tudo esmagado pela ganância de Antonio Costello e pela traição covarde de Lorenzo Rossi. E ali, em meio a diagramas de mecanismos de segurança e anotações financeiras, a revelação que fizera seu coração parar no cofre do banco: a menção ao "Deposito Fiduciae", o verdadeiro repositório da fortuna e dos segredos de Bellini, um lugar descrito com coordenadas enigmáticas e referências a marcos que apenas alguém com um conhecimento íntimo da história da cidade – ou da história das famílias envolvidas – poderia decifrar.Leonardo estava ferido, exausto, e agora, oficialmente, um fantasma. A notícia de

A porta secreta no escritório de Don Costello se fechou atrás deles com um clique suave, engolindo-os na escuridão fria e úmida de uma passagem desconhecida. O ar era rarefeito, com cheiro de pedra antiga e segredos enterrados. Leonardo, com Sabrina logo atrás, acendeu a pequena lanterna de seu kit de emergência, revelando uma escadaria íngreme que descia em espiral para as entranhas da terra sob a fortaleza Costello."Onde isso vai dar?" Sabrina sussurrou, a voz ecoando no silêncio opressor, agarrando a pasta de couro de seu avô contra o peito como um escudo. "Não sei ao certo," Leonardo respondeu, a voz baixa e tensa, enquanto descia com cautela, verificando cada degrau. "Mas qualquer lugar é melhor do que lá em cima agora."A passagem era longa, sinuosa, claramente uma rota de fuga construída pelo próprio Don para eventualidades. Havia armadilhas rudimentares, fáceis para Leonardo identificar e desarmar, e bifurcações que ele escolhia com um instinto que parecia guiá-lo. A proximid

O som da pesada laje de pedra se fechando sobre eles foi como o último prego num caixão. Leonardo e Sabrina estavam mergulhados na escuridão fria e úmida da cripta Bellini, o ar carregado com o cheiro de séculos de poeira, pedra e esquecimento. Acima, a voz de Rocco, distorcida pela pedra, era um rosnado de ódio e triunfo frustrado. "Bellini! Seu rato imundo! Você pode se esconder aí como um verme, mas não vai escapar! Vou arrancar essa pedra nem que seja com os dentes! E quando eu puser minhas mãos em você e na sua vadiazinha Rossi, vou fazer vocês implorarem pela morte!"Sabrina estremeceu, agarrando-se instintivamente ao braço de Leonardo. Ele, por sua vez, acendeu a pequena lanterna que ainda lhe restava, a luz trêmula revelando um espaço mais amplo do que esperavam. Não era apenas uma câmara funerária; era um pequeno santuário subterrâneo, com nichos nas paredes contendo urnas e placas com nomes da família Bellini gravados em latim. E, ao fundo, uma estrutura que se destacava: um

A mensagem de "T." explodiu na tela do laptop de Beatriz como um trovão em céu azul, enviando ondas de choque através do pequeno sítio abandonado onde Sabrina se refugiara. Leonardo estava vivo. Ferido, precisando de "abrigo e silêncio para reacender", mas vivo. Um soluço de alívio e angústia escapou dos lábios de Sabrina. A imagem da fênix, que ela guardara no coração como uma prece desesperada, ainda tinha brasas.Mas a segunda parte da mensagem era um soco no estômago: "Localização da 'Andorinha' comprometida por Costello através do pai." Seu pai. Lorenzo Rossi, sob a pressão monstruosa de Don Costello, de alguma forma, revelara ou dera pistas sobre seu paradeiro. A culpa e o medo se misturaram à raiva impotente. Seu próprio pai, mesmo que coagido, a colocara na mira do Don."Tulio," Beatriz sussurrou, os olhos arregalados, encarando Sabrina. "Só pode ser ele. Mas por quê? Ajudar Leonardo? Avisar você? Isso não faz sentido. Ele é o braço direito de Costello, a personificação da lea