A brisa fria da Córsega açoitava o rosto de Leonardo enquanto ele encarava Tulio na praia deserta, a caixa de ébano contendo a Serpente de Cristal e o diário de seu avô firmemente em suas mãos. Os homens de Tulio, armas em punho, formavam um semicírculo tenso ao redor deles e de uma Sabrina pálida, mas resoluta. A batalha com o Consórcio Sombra terminara, mas uma nova, e talvez mais perigosa, negociação estava prestes a começar."Uma 'sociedade', Leonardo?" Tulio repetiu as palavras audaciosas de Leonardo, um leve sorriso zombeteiro nos lábios. "Você, um Bellini caçado, e eu, o novo chefe da famiglia Costello. Que tipo de sociedade você propõe?" "Uma em que ambos obtemos o que queremos, Tulio," Leonardo respondeu, a voz calma, mas carregada de uma autoridade recém-descoberta. "Você quer o poder da Serpente de Cristal para solidificar seu reinado, para expandir seus horizontes. Eu quero a verdade completa sobre meu avô, a restauração de sua honra e a destruição daqueles que o traíram –

A revelação de Beatriz, transmitida pelo comunicador via satélite na cabana fria e isolada, caiu sobre o pequeno grupo como uma sentença de morte. Tulio, o cérebro frio e calculista da famiglia Costello, o homem que orquestrara a ascensão de Leonardo e depois sua "morte" no Zurich, agora era um traidor aos olhos de Don Vincenzo, caçado com o mesmo fervor que Leonardo Bellini e Sabrina Rossi. Rocco, livre e sedento por vingança, tinha carta branca do Don para eliminar todos eles. E o Consórcio Sombra, com seus recursos ilimitados, continuava sua busca implacável pela Serpente de Cristal."Então, o jogo mudou drasticamente," Tulio comentou, a voz surpreendentemente calma, embora seus olhos escuros brilhassem com uma fúria contida. Ele olhou para Leonardo, que ardia em febre, semiconsciente nos braços de Sabrina. "Parece que subestimei a capacidade de Rocco de manipular o velho Don. Ou talvez o próprio Don estivesse apenas esperando um pretexto para se livrar de mim." Viviana Costello, qu

A entrada dos agentes federais suíços no quarto de hospital de Leonardo foi como a súbita aparição de um deus ex machina num palco caótico. Os operativos do Consórcio Sombra, pegos de surpresa pela autoridade fria e inquestionável do Inspetor Dubois e seus homens, recuaram, seus rostos mascarados indecifráveis, mas a frustração em sua postura era palpável. Eles desapareceram pelos corredores tão silenciosamente quanto surgiram, uma ameaça adiada, mas não eliminada.Inspetor Dubois, um homem de meia-idade com cabelos grisalhos impecavelmente penteados e olhos de um cinza que parecia penetrar a alma, assumiu o controle da situação com uma eficiência calma. "Signorina Rossi, Signore 'Bianchi'," ele disse, o tom neutro, mas com um subtexto de quem sabe muito mais do que aparenta. "Acredito que temos muito o que conversar. E o tempo, como sempre, é um luxo que poucos podem se permitir."Leonardo, semiconsciente, mas com a mente lutando para emergir da névoa da dor e da febre, sentiu a mão d

O ar na sala de estratégia do complexo suíço era carregado de uma tensão palpável. Diante de Leonardo, Sabrina, Beatriz e dos principais analistas do Inspetor Dubois, um mapa holográfico exibia a "Ilha Esmeralda", um paraíso fiscal e resort de ultra-luxo no Caribe, agora assinalado como o ninho de víboras onde Tulio Costello e os líderes do Consórcio Sombra se encontrariam em menos de uma semana."O objetivo não é um confronto direto, não inicialmente," Dubois explicava, a voz calma e precisa, enquanto imagens de satélite e plantas do resort desfilavam no holograma. "Precisamos de provas irrefutáveis da aliança deles, de seus planos para a Serpente de Cristal, e, se possível, identificar os outros membros do Consórcio. Queremos desmantelar a rede, não apenas cortar algumas cabeças." Leonardo assentiu, os olhos azuis fixos nos dados. Seu cérebro estratégico já processava as variáveis, os riscos. "Infiltração. Precisaremos de identidades impecáveis, uma história de cobertura convincente.

A sala de controle do "Leviatã" era um casulo de tecnologia e silêncio, quebrado apenas pelo zumbido dos servidores e, agora, pela voz fria e divertida de Viviana Costello. O cano de sua pistola de cano fino, uma obra de arte letal, permanecia firme, apontado para a cabeça de Leonardo. "Fantasmas têm o hábito de serem inoportunos, Leonardo Bellini," Viviana disse, um sorriso enigmático nos lábios. "E você, meu caro, parece ser um fantasma particularmente persistente. E um que sabe demais sobre os segredos da minha família."Leonardo permaneceu imóvel, a mente trabalhando em velocidade febril. Ele vira Viviana em ação no mosteiro austríaco; ela não era apenas uma socialite da máfia, era uma predadora inteligente e implacável. E agora, ela o tinha em suas mãos. "O que você quer, Viviana?" ele perguntou, a voz calma, tentando sondar as intenções dela. "A Serpente de Cristal? Entregar-me a Tulio?" "Tulio," ela riu, um som cristalino e perigoso. "Meu caro Tulio tem seus próprios planos ambi