Na quarta semana de trabalho, Melissa já conhecia a rotina da casa com a mesma precisão de quem decora uma música favorita. Sabia que Heloisa gostava de leite morno antes de dormir, que fazia questão de escovar os dentes com a escova cor-de-rosa e que sempre pedia para Melissa deitar na beira da cama por cinco minutinhos a mais, só para ouvir mais uma história.Heitor, por sua vez, mantinha-se reservado. Observava à distância, surgia nos horários certos, e deixava claro — com silêncio e postura — que confiava na escolha que fizera ao contratá-la. Ainda não havia simpatia aberta, mas havia respeito. E isso, para Melissa, bastava.Naquela terça-feira, o dia começou tranquilo. Heloisa acordou bem-humorada, queria brincar de escola, e Melissa se tornou professora, aluna e diretora em um intervalo de vinte minutos. O sol entrava pelas grandes janelas da casa, e tudo caminhava para ser um daqueles dias leves.Até o portão eletrônico tocar.O som não era estranho, mas a agitação da governant
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