Doutor Alfredo era o advogado-chefe do escritório que representava Eduardo. Tinha cerca de sessenta e cinco anos, mas mantinha uma aparência atlética para a idade. Quando procurei o escritório, ele mesmo me recebeu em sua sala. Assim que expliquei o motivo da minha visita, notei seu olhar espantado, ainda mais porque omiti as minhas fontes, não podia mencionar Aninha nem Cabelo.— E você não pode me contar como conseguiu essa informação? — perguntou mais uma vez.— Não, desculpa. Não posso falar como sei disso.Ele me encarou em silêncio por alguns segundos, refletindo.— Mas não há nenhuma prova de que ela esteja lá?— Nenhuma, infelizmente.Alfredo suspirou, pensativo.— Sinceramente, não sei como poderíamos usar essa informação. Veja: você não tem certeza se a casa pertence mesmo a ele, apenas que festas acontecem lá. No fundo, não sabemos nada. A Beatriz já foi indiciada, há um mandado de prisão contra ela, mas não podemos pedir para a polícia invadir uma casa qualquer com base em

— Já que a burra da Lúcia não conseguiu acabar com a tua raça, eu mesma vou ter que fazer isso. Como pode uma desgraçada como você, que não é ninguém, acabar com a minha vida? Primeiro me tira o Eduardo, agora o Roberto vai preso por sua causa! — Beatriz cuspiu as palavras, os olhos arregalados de puro ódio. Eu a encarava sem saber o que dizer, o choque e o pânico me paralisaram por um momento.— Levanta. Antes de acabar com você, temos umas coisinhas para resolver, é justo que você faça alguma coisa útil e me ajude. Quis gritar, mas Beatriz parecia adivinhar meus pensamentos.— Se abrir essa boca, eu juro que aperto o gatilho, não vai ter tempo nem de respirar — Ela disse pressionando o cano da arma na minha têmpora. — Tudo bem, eu não vou gritar… O que você quer? — perguntei, tentando manter a calma. Eu já tinha passado por aquilo antes, mas Lúcia não hesitou em atirar. Já Beatriz… eu percebia que ela queria outra coisa, pelo menos naquele momento.Forcei minha mente a se manter

Tentei mais uma vez um jeito de abrir a janela, mas a madeira, já apodrecida, era impossível de quebrar só com as mãos sem usar alguma coisa pesada, a corrente apesar de enferrujada era forte e sem uma ferramenta adequada eu não conseguiria abrir. Beatriz, quando percebeu onde eu estava, começou a atirar contra a porta. Pressionei meu corpo contra a parede lateral e me abaixei, deslizando até o chão. Os disparos atravessaram a porta e a janela, abrindo buracos que iluminavam melhor o quarto. Logo em seguida, ela bateu com força na porta, tentando arrombá-la, mas a mesa que eu havia colocado estava resistindo mais do que eu imaginava.— Eu sei que você esta ai sua filha da puta, desgraçada, acha que vai conseguir escapar? Ela disparou quatro vezes antes de parar, mas ainda gritava, me xingava e insistia em forçar a porta. Eu estava encurralada. Sabia que não tinha muito tempo. Se Beatriz entrasse, eu morreria, Mas eu não podia morrer, tinha minha filha na barriga, e precisava protegê

— Você não acha melhor avisar o Eduardo? — perguntou o advogado, quebrando o silêncio pesado.Neguei com a cabeça, sentindo um nó na garganta.— Não, eu não posso fazer isso com ele. Como vou olhar na cara do Eduardo e dizer que a Sofia sumiu? Se algo acontecer com ela de novo… eu nem sei como falar. Se eu tiver uma notícia concreta, eu falo, mas agora não adianta. Ele vai ficar desesperado e, preso, não vai conseguir fazer nada.Sofia havia sido levada por Beatriz há mais de uma hora. Ninguém sabia para onde, Beatriz conseguiu tirá-la de casa com facilidade, criando uma distração que fez Carmen e Tânia saírem da casa, deixando Sofia sozinha. As câmeras de segurança flagraram as duas entrando em um carro na garagem e saindo, mas Beatriz era esperta, tinha coberto a placa, desde então ninguém sabia mais de nada. A cidade era pequena, com poucas câmeras, e o rastro do carro se perdeu. Eles presumiam que Beatriz tinha levado Sofia para fora da cidade. Dona Cleide e Antônio pareciam dest

Quando Fernanda se sentou diante de mim, percebi imediatamente que havia algo errado. Por um instante, o pânico tomou conta de mim e temi que tivesse acontecido alguma coisa com Sofia ou com as crianças. Mas ela logo garantiu que não, que todos estavam bem. Disse que, na verdade, trazia uma boa notícia, eu seria solto em breve. Ainda assim, havia uma sombra em seu olhar. Eu conhecia minha irmã muito bem e percebia quando algo a preocupava ou quando queria dar uma notícia ruim. — Está tudo bem, vou te contar o que aconteceu, mas agora já passou — disse ela, com calma.Então começou a explicar sobre o sequestro de Sofia, o que Beatriz tinha feito, e como, apesar de tudo, minha noiva tinha conseguido escapar. No final, tudo tinha dado certo, e nossa filha havia nascido saudável. Um ódio profundo me consumiu ao imaginar Beatriz ameaçando Sofia, eu queria destruí-la, mas não havia mais nada a fazer, ela já estava presa. — Não contei para Sofia sobre a sua liberdade, não queria que fi