Eduardo voltou da casa da mãe com raiva. Tentou disfarçar, mas eu percebi que a conversa não tinha sido boa e imaginava o motivo. Eu já tinha enfrentado muita coisa para permitir que mais uma pessoa ameaçasse a harmonia da minha casa. Por isso, esperei alguns dias e, assim que tirei os pontos, aproveitei um momento em que Eduardo estava na empresa, chamei a babá e fomos até a casa da minha sogra.— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou com o mesmo tom arrogante de sempre, assim que me viu.— Eu vim conversar. — Respondi firme. Já tinha enfrentado demais para continuar a me intimidar com aquela mulher. Para mim, ela não passava de alguém rancorosa, presa a velhos preconceitos.— Conversar? Nós não temos nada para conversar.— Temos, sim. Vou me casar com o seu filho, sou mãe da sua neta, que a senhora ainda não foi conhecer. Eu poderia simplesmente pedir que ficasse longe da minha família, mas não é isso que quero. Você é mãe do Eduardo, avó das crianças. Eles te adoram, e você

— Antes de vocês irem, tem mais uma coisa. Depois de quase ir dessa para melhor, comecei a ajustar minhas finanças, não quero ninguém brigando por herança. Além de incluir a Sofia no testamento, vou abrir um fundo de investimento para você e para a minha neta. Vou cuidar disso imediatamente. Assim, você terá o seu próprio dinheiro para usar como quiser. — disse José, com firmeza.— O quê? Mas não precisa fazer isso... quer dizer, eu não quero o seu dinheiro. Ser aceita e reconhecida já é o suficiente para mim.— Eu imagino que seja, minha querida, mas você agora faz parte de uma família que tem muito dinheiro, e o dinheiro também é importante. É com ele que realizamos nossos sonhos. Meus filhos sempre tiveram tudo, assim como o James. Considere com uma indenização por tudo que passou, além disso, sei que o Eduardo é um bom homem, que sempre vai prover suas necessidades, mas você precisa ter o seu próprio dinheiro.Eu quis recusar, mas Antonio fez um sinal com a cabeça para que eu acei

A reforma da casa tinha sido mais rápida do que o esperado, provavelmente porque Eduardo tinha pressionado o pedreiro, de qualquer forma agora tinha que organizar a mudança. Mas, em meio à correria de organizar tudo, recebi a inesperada visita do advogado de Lúcia.Nos últimos meses, minha vida tinha sido atropelada por acontecimentos intensos, e eu mal conseguia absorver o impacto de cada um deles. Meu pai e até mesmo Eduardo insistiam para que eu procurasse uma psicóloga, mas esse era um assunto que eu sempre deixava para depois, assim como deixei para depois a questão de Lúcia.Eu havia empurrado para o fundo da memória o dia em que ela me atacou. Não gostava de lembrar do medo que senti, nem do momento em que acreditei que iria morrer. Agora, diante de mim, o advogado trazia uma carta escrita por ela, endereçada a mim. Quando a recebi, Eduardo não estava em casa, e depois preferi não comentar nada. Eu sabia que, se soubesse, ele mandaria que eu rasgasse a carta e a jogasse fora se

A mudança não tinha sido tão ruim quanto eu havia imaginado. Uma equipe cuidou de tudo, desde a desmontagem dos móveis até a organização dos objetos e roupas, o que me poupou um tempo considerável.A nova casa também tinha dois andares, piscina e um quintal tão amplo quanto o da antiga, mas refletia muito mais de mim. Minimalista, com paredes em tons claros, móveis modernos e detalhes coloridos em almofadas e decorações, trazia ainda uma sala mais aconchegante e uma biblioteca vibrante, cheia de vida, bem distante da antiga aparência de escritório de advocacia. Era um lar em equilíbrio, acolhedor, aprovado por todos, inclusive Tânia e Carmem, que agora desfrutavam de uma cozinha moderna e bem equipada.Aninha, em um raro momento de folga, passou o primeiro fim de semana na casa nova comigo. Convidei Tia Cleide para o almoço, antes que viajasse para outro estado para visitar os filhos. Minha intenção era aproveitar a reunião para compartilhar a novidade do casamento.— E o Eduardo? — p

— Você realmente foi até lá? — o advogado perguntou, podia sentira uma leve repreensão em sua voz. — Fui, sim. Queria conversar com ela, tentar uma reconciliação.— E a ameaçou de alguma forma?— Claro que não! — respondi, indignada. — Não sei de onde ela tirou isso.— Foi uma atitude ingênua, de qualquer forma recomendo não tentar qualquer tipo de aproximação. O advogado tentou me acalmar, explicando como funcionava em casos assim, mas eu só conseguia pensar em uma coisa, Mariana estava mentido mais uma vez. Respirei fundo e decidi que não podia gastar minhas forças com isso, precisava cuidar dos meus filhos e dos preparativos do casamento.Além do processo contra mim, Mariana havia solicitado uma medida protetiva para que eu não chegasse perto dela. Só o fato de existir esse pedido já me deixava em alerta, como se, a qualquer momento, pudesse ser acusada de algo que não fiz. Antônio contou que a mãe estava ainda mais enfurecida, e acreditava que a raiva vinha do fato de o pai ter