LIA (Lua) A música pulsava em meus ouvidos, mas eu mal a ouvia. Minha mente era uma tela em branco de exaustão, preenchida apenas com os comandos da instrutora: Gira. Sorri. Não caia. Eu havia sentido a dívida crescer como uma âncora de chumbo. Saber que meu pai havia me traído de novo, afundando-me ainda mais no pântano de Durval, fazia minha dança ser mais agressiva, menos graciosa. Eu estava queimando as últimas reservas de energia. No final da performance, quando a chuva de notas e aplausos começou, eu fiz minha reverência automática, o sorriso congelado sob a máscara. Eu estava prestes a descer do palco, sentindo o peso do figurino incrustado de pedras, quando meu olhar varreu os reservados VIPs. Eu estava procurando por Durval, para avaliar o nível de satisfação dele. Em vez disso, no camarote central, vi um terno escuro e uma postura inconfundível. Minha respiração engasgou em minha garganta. Alexandre. Ele estava ali, de pé, perto da borda do camarote, olhando
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