LIA
Eu estava no meu limite. O medo pelo meu pai hospitalizado e a ameaça de Durval haviam consumido o pouco de sono que eu havia conseguido. A mansão de Alexandre parecia um refúgio cada vez mais frágil, e eu ansiava por chegar em casa ao fim do meu turno.
Quando 17h45 chegou, eu me despedi de Lorena, prometendo uma história inédita para o dia seguinte, e praticamente corri para casa.
No meu quarto, o vestido já estava esperando. Não em um cabide, mas em uma mala de couro rígida, entregue por um motorista de Durval.
Abri o case. Lá dentro, repousava uma criação de carmim profundo. O tecido era seda pesada e esvoaçante, o corte elegante e ousado, com uma fenda lateral alta e um decote que valorizava o colo. Era o traje de uma mulher fatal.
Acompanhando o vestido, havia uma caixa com a peruca e o kit de maquiagem profissional.
Naquele final de tarde, eu me movi com a adrenalina do desespero. Ana estava ao meu lado, ajudando com o disfarce, sua expressão sombria refletindo a