LIA (Lua)
O saguão do centro de eventos era um turbilhão de luzes, cristais e vozes abafadas. Eu estava de braços dados com Durval, meu corpo tenso sob o vestido de seda vermelha. Cada sorriso que eu dava era uma mentira, cada passo, um esforço para não tropeçar na própria ansiedade.
A peruca ruiva era pesada, a maquiagem apertava meus olhos e o batom vermelho-carmim parecia colar meus lábios em uma expressão fixa. Eu não era Lia, a babá despojada. Eu era Lua, a executiva de Durval, um fantoche em um palco de ouro.
Durval, ao meu lado, era a imagem da complacência. Ele me apresentava como "minha nova diretora de relações públicas" a cada figura influente que passava, e eu ensaiava sorrisos e apertos de mão, repetindo frases vazias sobre o "novo conceito de entretenimento" do Lux.
Meus olhos varriam o salão, buscando por ele. E então, eu o vi.
Alexandre.
Ele estava em um grupo de empresários, perto de uma janela enorme que dava para a cidade iluminada. Vestia um terno impecável