45. A perigosa Isadora
O gabinete de Vicente era sempre um lugar de ordem e raciocínio lógico, mas agora, era um campo de batalha silencioso. O cheiro de couro dos móveis e do fumo queimado no cinzeiro era sufocante, misturando-se ao peso da tensão no ar. O mais velho dos Monteiro de Alcântara estava de pé, vestindo o paletó com movimentos meticulosos ocultando em seguida um revólver sob suas roupas, pronto para sair. Álvaro calçava as luvas de couro, o olhar perdido, mas a expressão perigosa de quem já imaginava o que poderia encontrar pela frente. E Cecília… Cecília estava ali, pálida como um fantasma, as mãos apertadas contra a saia, como se precisasse se segurar para não cair. Ela não podia deixar que saíssem sem saber de tudo. — Esperem! — Sua voz saiu urgente, mais alta do que pretendia. Os três irmãos pararam. Vicente se virou lentamente, o olhar escuro fixo nela. — Cecília, se tem algo a dizer, diga logo. — Sua voz era firme, mas impaciente. Ela engoliu em seco. Seu coração martelava contra
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