44. Não é questão de escolha
Cecília não bateu à porta.
 Ela entrou de rompante, sem se importar se Vicente estava em reunião, se estaria ocupado com seus papéis e responsabilidades. Nada mais importava.
 Vicente, sentado atrás da grande escrivaninha de mogno, cercado por pilhas de documentos, levantou-se de imediato ao vê-la naquele estado.
 — Cecília? — A voz dele foi um misto de surpresa e preocupação. — O que houve?
 Ela tentou falar, mas as palavras ficaram presas na garganta. O nó que sentia desde a noite em que Max desapareceu sufocava, deixando apenas um soluço escapar.
 — Fale, mulher! — Vicente a segurou pelos braços, sacudindo-a levemente.
 Cecília fechou os olhos com força. As lágrimas quentes deslizaram por seu rosto, junto com a confissão dolorosa:
 — Max sumiu.
 Vicente esticou o corpo, alerta.
 — Como assim, sumiu?
 Ela tentou engolir o choro, mas sua voz saiu embargada quando respondeu:
 — Ele saiu naquela noite… Disse que precisava espairecer… E nunca mais voltou.
 Vicente ficou tenso.
 — Isso j