A casa estava silenciosa. Pela primeira vez em semanas, não era um silêncio tenso, cheio de espera e medo, mas sim um sossego doce, daqueles que abraçam a gente por dentro. A lareira crepitava suavemente na sala, lançando sombras quentes nas paredes. Giulia dormia no quarto ao lado, respirando fundo, tranquila, envolta no cobertor que Maria tricotara nas últimas semanas.Era como se o mundo, por um instante, estivesse nos permitindo respirar.Miguel apareceu vindo da cozinha, com uma garrafa de vinho em uma das mãos e duas taças na outra. Sorriu de leve, com aquele olhar que ele só tinha quando baixava a guarda, quando deixava de ser o pai que luta todos os dias contra o medo de perder e voltava a ser só… ele. O homem por quem eu estava, pouco a pouco, me apaixonando sem freio.— Um brinde ao nosso lar? — ele perguntou, baixinho, como se o próprio som pudesse acordar Giulia.Assenti, e nos sentamos em frente à lareira, lado a lado no tapete. Ele me entregou uma taça e se acomodou com
Ler mais