Usei Meu Cadáver para o Meu Casamento
Eu entrei no salão da festa que Ícaro Marques havia organizado para o meu aniversário.
Sentada na cadeira de rodas, avancei em silêncio. E o ambiente, até então cheio de risos, se calou assim que me viu.
Todos ali tinham seus próprios interesses. Celebrar meu aniversário não era um deles.
— Aquela é a noiva aleijada do Sr. Ícaro, né?
— Sim. Mas quem ele ama de verdade é a Ana. Eu vi os dois se beijando agora há pouco.
Elas riram por trás das taças, acreditando que eu ainda era a surda impotente de antes.
Só que o que ninguém sabia era que, uma semana antes, eu já havia recuperado a audição.
E ouvi tudo.
Ícaro estava ao lado. Escutou as provocações e não disse nada.
Ele havia esquecido. Esquecido que eu me joguei na frente do carro por ele.
Que fui eu quem o salvou.
Que enquanto meu corpo era esmagado sob as rodas, ele ficou ileso.
Quando me tiraram da morte, ele jurou que cuidaria de mim para sempre. Três anos depois, eu era apenas um peso.
Então meu celular vibrou.
[Srta. Isadora, sua réplica corporal está pronta. Caso confirme, ativaremos imediatamente o protocolo de falsa morte. A entrega ocorrerá no casamento em cinco dias.]
Eu confirmei. Sem hesitar.
Ícaro, que você tenha um casamento memorável.