A gravação ainda ecoava em sua mente enquanto Helena andava sozinha pelas ruas silenciosas. O fone preso a um único ouvido repetia a voz de Lucky em sua nova canção — versos que pareciam ter sido arrancados diretamente das entranhas de um homem prestes a desabar.
Ela desligou o gravador e o guardou no bolso. O ar da noite estava denso, quase viscoso. Cada passo parecia mais pesado que o anterior. No fundo do peito, uma dúvida a corroía como ácido.
> “Será que tudo isso é real? Ou será apenas um teatro cuidadosamente encenado por alguém que aprendeu a amar da maneira errada?”
Chegou em casa, trancou a porta, desligou o celular. A luz fraca da luminária mal iluminava os papéis que se amontoavam sobre a mesa. Era ali que ela mantinha o mural de conexões: rostos, datas, recortes e anotações. Tudo apontava para ele.
Mas algo dentro dela insistia em resistir.
Helena se jogou no sofá, abraçando os joelhos. Por mais que tentasse se proteger, havia um fio invisível entre eles — uma l