O Pintor

O Pintor PT

Romance
Última atualização: 2025-06-10
Yumi (PSI)  Atualizado agora
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Índice

Às vezes, voltar é mais difícil do que partir. Após anos longe de sua terra natal, Hannah retorna à pequena Serra Clara, uma cidade cercada por montanhas e campos floridos, para reencontrar suas raízes e cuidar do avô doente. Fugir foi a única saída que sua mãe encontrou anos atrás, quando o padrasto abusivo ameaçou destruir o que restava da família. Agora, com ele fora de cena, Hannah reencontra sua melhor amiga de infância - e o irmão dela, que costumava implicar com elas quando eram crianças e foi criado como se fosse seu primo. Mas o tempo mudou todos eles. No meio das flores da Fazenda Marindá e dos mistérios que voltam à tona, Hannah se vê envolvida em sentimentos contraditórios: uma relação intensa e mal resolvida com um pintor marcado pelo passado, e um romance público e acolhedor com o melhor amigo dele. Em meio a descobertas, reaproximações e o início da faculdade em Brisamar, ela precisa lidar com ex-namoradas que reaparecem, revelações surpreendentes e decisões que podem mudar tudo. Entre o amor, a culpa e os segredos, Hannah precisa descobrir quem realmente é - e qual caminho deseja seguir.

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Capítulo 1

Finalmente Livre

O cheiro de mudança ainda pairava no ar. Entre caixas de roupas e sacolas para doação, Hannah mal conseguia conter o alívio que sentia. Era como respirar fundo depois de anos de tensão. A escola havia terminado, e com ela, o último vínculo com uma cidade que nunca foi verdadeiramente sua.

— Finalmente livre da escola — murmurou, olhando pela janela do pequeno apartamento onde viveram escondidas nos últimos anos. — Me atrasei um pouco por ter que mudar de cidade, mas agora estou livre. E vou visitar o vovô... Sinto falta do ar puro.

Josy, sua mãe, levantou os olhos do armário onde dobrava as últimas roupas. Sabia que aquele dia chegaria, e mesmo com o coração apertado, havia paz em saber que não precisariam mais fugir.

Elas haviam deixado Braluma, seu país natal, às pressas. Tudo por causa do ex-marido de Josy, um homem dominado pelo ciúme e pela violência. As marcas no corpo e na alma foram cicatrizando com o tempo, mas o medo... esse levou anos para se dissolver. Só quando souberam da morte dele é que Josy se permitiu respirar fundo novamente.

— Mãe, vamos levar só nossas roupas e deixar tudo isso aqui — disse Hannah com decisão. — Não precisamos mais disso. O vovô falou que nossas coisas estão lá, do jeitinho que deixamos. Não precisamos ter medo. Ele morreu... Essas coisas aqui vamos doar pra quem precisa. Eu quero voltar logo pra Braluma. Quero chegar na minha cidade, rever meus amigos...

Josy sorriu, enxugando discretamente uma lágrima.

— Vamos sim, meu amor. Também quero muito rever meu pai... Estou com saudades dele. E da Ana também. Quem diria... Vocês já têm 18 anos. Como o tempo passou rápido.

— É... — respondeu Hannah, com um sorriso nostálgico.

— Guilherme também deve estar enorme — continuou Josy, rindo. — Lembro que ele implicava com vocês duas quando estavam brincando. Deve ter o quê... uns 24 anos agora?

Mãe e filha continuaram conversando, embaladas pela expectativa do retorno, enquanto organizavam as últimas malas. Doavam o que já não era necessário, desapegando do passado para fazer caber o futuro. Na manhã seguinte, partiram ainda com o céu escuro em direção ao aeroporto.

A viagem foi longa. Horas de voo até Braluma, e depois um ônibus empoeirado até o interior da região de Capurana, um estado localizado no noroeste do país, próximo ao nordeste brasileiro. Ali, cercado por vales e montanhas suaves, ficava o povoado de Serra Clara — um lugar onde os dias amanheciam com cheiro de terra molhada e os pássaros serviam de despertador.

Quando o ônibus finalmente parou no ponto de terra batida, o coração de Hannah acelerou.

Ali estava ele. O avô, de braços abertos, com o mesmo sorriso acolhedor de sempre, embora agora mais enrugado e com o passo mais lento.

— Casa... — murmurou Hannah, descendo correndo os degraus do ônibus. — Tão bom estar aqui!

— Vovô! Que bom reencontrar o senhor!

— Bom rever você, minha pequena! — respondeu ele com a voz rouca e alegre. — Ou melhor dizendo... minha moça! Você cresceu tanto... Já não dá mais pra te carregar no colo como antes. Hehehe.

— Esses tempos passaram, papai — disse Josy, abraçando o pai. — Mas é tão bom estar em casa...

O caminho até a casa foi preenchido com histórias, risos e lembranças. A propriedade, a Fazenda Marindá, parecia ter parado no tempo. Os campos de girassóis balançavam sob a brisa leve, e o velho pomar ainda estava ali, com o cheiro doce de frutas maduras. Um riacho cortava o terreno, refletindo o céu claro de Capurana.

Hannah sentiu um nó na garganta ao cruzar o portão de madeira.

Tudo estava exatamente como ela lembrava: o som do piso rangendo sob os pés, as redes coloridas na varanda, o cheiro de alfazema que a avó costumava espalhar pela casa — mesmo que ela não estivesse mais ali.

— A Ana está na cidade agora, né, vovô? — perguntou, enquanto caminhavam até a varanda.

— Está sim — respondeu ele. — Estuda na cidade de Brisamar, mas já tá pra chegar nas férias. Acho que amanhã ela vem.

Hannah sorriu. Dez anos era tempo demais sem ver a melhor amiga. Mal podia esperar para colocarem a conversa em dia, como nos velhos tempos.

Naquela noite, depois de um jantar simples e aconchegante, com arroz de forno, farofa crocante e suco de acerola, a casa foi se acalmando. Josy se recolheu primeiro. O cansaço da viagem pesava nos ombros de todos.

Hannah foi para seu antigo quarto. As paredes ainda tinham os adesivos de infância, o travesseiro o mesmo cheiro familiar.

Abriu a janela. A lua refletia prateada sobre os girassóis. O ar era fresco, limpo. Nada de sirenes, nada de medo. Apenas grilos, cheiro de terra e o som tranquilo do campo.

— Boa noite, mãe. Boa noite, vô — disse, quase num sussurro.

— Boa noite, abelhinha... — respondeu o avô lá do corredor, com a voz embargada de emoção.

— Boa noite, Hannah... — respondeu Josy, antes de apagar a luz.

Ali, no silêncio do interior de Serra Clara, entre o céu estrelado e o calor do lar, Hannah sentiu que podia, enfim, começar de novo.

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Modelo
É tudo por ela
Coragem, Hannah, coragem!
Piquenique
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