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Capítulo 4: A Conexão Inesperada

Elara Santos, impulsionada por uma intuição que transcendia a lógica científica, decidiu procurar Kael. A biblioteca universitária, que antes era apenas um local de pesquisa ocasional, agora se tornava um ponto de convergência, um elo entre seu mundo familiar e o desconhecido que a chamava. Ela o encontrou na mesma seção de astrofísica, seus olhos castanhos fixos em um volume sobre cosmologia quântica. Havia algo na postura dele, uma quietude que contrastava com a agitação do mundo ao redor, que a intrigava profundamente.

"Kael," ela começou, sua voz um pouco mais hesitante do que o usual. Ele levantou a cabeça, e o brilho em seus olhos, por um instante, pareceu mais intenso, quase alienígena, antes de se suavizar em uma expressão de curiosidade humana. "Elara. Que surpresa agradável." Sua voz era calma, controlada, mas Elara sentiu uma corrente sutil de energia entre eles, algo que não era apenas eletricidade estática.

"Eu... eu preciso da sua ajuda," ela confessou, a urgência em sua voz traindo sua habitual compostura. "É sobre o pulso de energia que detectei no observatório. Eu sinto que há algo mais, algo que meus instrumentos não conseguem captar. E, de alguma forma, eu sinto que você pode me ajudar a entender." Ela o observou, buscando qualquer sinal de reconhecimento, qualquer indício de que ele compreendia a magnitude de sua intuição. Kael a ouviu com uma atenção que a fez sentir-se a única pessoa no universo, seus olhos fixos nos dela, absorvendo cada palavra, cada nuance de sua emoção.

"Um pulso de energia, você diz?" ele repetiu, sua voz pensativa. "Interessante. A energia do universo é vasta e multifacetada. Nem sempre nossos instrumentos são capazes de decifrar todas as suas manifestações." Ele fez uma pausa, e Elara sentiu a tensão no ar, como se ele estivesse ponderando uma decisão de grande importância. "Talvez eu possa oferecer uma perspectiva diferente. Venha, vamos para um lugar mais reservado." Ele a guiou para uma sala de estudos vazia, um refúgio de silêncio e privacidade.

Sentados à mesa, Elara abriu seu laptop, mostrando a Kael os gráficos e os dados brutos do pulso. Ela explicou suas teorias, suas tentativas de correlacionar o sinal com fenômenos conhecidos, a frustração de não encontrar uma explicação lógica. Kael a ouvia com uma intensidade que a fez sentir-se completamente compreendida, como se ele estivesse lendo sua mente, acessando seus pensamentos mais profundos. Seus dedos, longos e elegantes, traçavam os padrões na tela, e Elara sentiu um arrepio ao vê-los tão próximos dos seus.

"Este padrão..." Kael murmurou, seus olhos brilhando com uma luz que Elara nunca havia visto antes. "É... familiar. Não é um fenômeno natural, Elara. É uma assinatura. Uma mensagem." A revelação a atingiu como um raio. Uma mensagem. De quem? De onde? Seu coração disparou, a adrenalina correndo em suas veias. Ela estava certa. Sua intuição não a havia enganado. Havia vida lá fora, e essa vida estava tentando se comunicar.

"Uma mensagem? Mas de quem?" ela perguntou, sua voz quase um sussurro. Kael a olhou, e por um instante, Elara viu a vastidão do cosmos refletida em seus olhos, a sabedoria de milênios, a dor de uma espécie à beira da extinção. "De uma civilização muito, muito distante. Uma civilização que busca... esperança." Ele hesitou, e Elara sentiu que ele estava prestes a revelar algo de imensa importância, algo que mudaria sua vida para sempre.

"Eu sou Kael'thas," ele disse, sua voz agora desprovida de qualquer traço de sotaque humano, ressoando com uma melodia estranha e bela. "Eu sou um Xylos. E o pulso que você detectou é o último suspiro de meu povo." A confissão a deixou sem ar. Xylos. O nome ecoou em sua mente, estranho e familiar ao mesmo tempo. Alienígena. Ele era um alienígena. E não apenas isso, ele era a personificação da anomalia que ela havia perseguido com tanta paixão.

Elara sentiu uma vertigem, o chão parecendo sumir sob seus pés. Sua mente, treinada para a lógica e a razão, lutava para processar a informação. Um alienígena. Em sua frente. Na biblioteca. Era demais para assimilar. Mas, ao mesmo tempo, uma estranha calma a invadiu. A peça que faltava no quebra-cabeça cósmico havia sido encontrada. A intuição que a guiava não era loucura, mas uma conexão com uma verdade maior.

"Seu povo... está morrendo?" ela perguntou, a voz embargada. Kael assentiu, a dor em seus olhos quase palpável. "Uma praga genética. Não podemos mais procriar. Eu sou a última esperança. Fui enviado à Terra para encontrar uma parceira compatível, para salvar minha espécie da extinção." Ele a olhou, e Elara sentiu o peso de sua missão, a responsabilidade que ele carregava em seus ombros. E então, a verdade a atingiu com força total. Ele estava ali para ela. Ela era a parceira compatível. Ela era a chave para a sobrevivência de sua espécie.

O silêncio na sala de estudos era pesado, preenchido pela magnitude da revelação. Elara olhou para Kael, para o homem que ela pensava ser um bibliotecário peculiar, e agora via um ser de outro mundo, um ser que carregava o destino de uma civilização em suas mãos. E ela, Elara Santos, uma astrônoma casada, era a única esperança. O dilema era avassalador. Seu casamento, sua vida, tudo o que ela conhecia estava em jogo. Mas o chamado das estrelas, que antes era apenas uma metáfora, agora se tornava uma realidade tangível, uma responsabilidade que ela não podia ignorar.

"Eu... eu preciso de tempo," ela disse, sua voz trêmula. Kael assentiu, sua compreensão silenciosa mais eloquente do que qualquer palavra. "Eu entendo. A verdade pode ser... esmagadora. Mas o tempo é um luxo que minha espécie não possui." Ele se levantou, sua figura imponente, mas ao mesmo tempo vulnerável. "Eu estarei aqui, Elara. Esperando. A esperança de Xylos repousa em suas mãos." Ele se virou e saiu da sala, deixando Elara sozinha com a magnitude da revelação, com o peso de um destino que ela jamais poderia ter imaginado. O universo havia se expandido de uma forma que ela nunca previu, e ela estava no centro de tudo, dividida entre dois mundos, dois amores, e o futuro de duas civilizações.

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