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Capítulo 3: O Chamado das Estrelas e o Calor do Lar (Continuação)

Elara Santos sentia-se em seu elemento. O Observatório Nacional, com seus telescópios apontados para o infinito e seus servidores zumbindo em um coro constante, era seu refúgio, seu campo de caça. Ali, entre equações complexas e dados brutos, ela encontrava a ordem em um universo caótico. Sua paixão pela astronomia não era apenas uma profissão; era uma vocação, um chamado que a impulsionava a desvendar os segredos mais profundos do cosmos. Desde criança, as estrelas a fascinavam, e a ideia de que não estávamos sozinhos no universo sempre a instigou, embora seu lado cientista exigisse provas irrefutáveis.

Naquela noite, a anomalia que ela havia detectado dias antes persistia, ainda mais forte. Um sinal limpo, pulsante, que não se encaixava em nenhum padrão conhecido de fenômenos astrofísicos. Elara havia passado horas revisando os dados, consultando bases de dados internacionais, mas a origem do pulso continuava um mistério. Era como se o universo estivesse sussurrando um segredo diretamente para ela. Seus dedos dançavam sobre o teclado, digitando comandos complexos, ajustando filtros, tentando isolar a assinatura do sinal. A adrenalina corria em suas veias, a mesma que sentia quando estava prestes a fazer uma descoberta.

"Elara, ainda por aqui?" A voz grave e familiar de João a tirou de sua concentração. Ela se virou, um sorriso genuíno iluminando seu rosto. João estava parado na porta do laboratório, com uma sacola de papel nas mãos, o cheiro de acarajé e vatapá preenchendo o ar. Seus olhos escuros brilhavam com um carinho que sempre a acalmava. Ele era o sol que aquecia seu universo, o porto seguro onde ela podia ancorar depois de suas viagens mentais pelas galáxias.

"João! Você não precisava ter vindo," ela disse, levantando-se e indo ao seu encontro, beijando-o suavemente. "Estou quase terminando aqui."

"Eu sei, meu amor. Mas você se esquece de comer quando está nesse modo 'caçadora de estrelas'. Trouxe nosso jantar favorito." Ele estendeu a sacola, e Elara sentiu o estômago roncar em protesto. Ela havia se esquecido completamente da fome.

Eles se sentaram em uma pequena mesa no canto do laboratório, e João começou a desembalar a comida. O aroma exótico e reconfortante da culinária baiana preencheu o ambiente, contrastando com o cheiro estéril dos equipamentos. João era assim: um contraste vibrante em sua vida. Ele era a paixão, a espontaneidade, a conexão com a terra, enquanto ela era a razão, a pesquisa, a busca pelo inatingível. E, de alguma forma, eles se completavam perfeitamente.

"Então, o que a grande astrônoma descobriu hoje?" João perguntou, oferecendo-lhe um pedaço de acarajé. Ele sempre a incentivava, mesmo que nem sempre compreendesse a complexidade de seu trabalho. Seu apoio era incondicional, e Elara o amava por isso.

"Ainda não sei, mas é algo intrigante," ela respondeu, mordendo o acarajé. "Um pulso de energia que não se encaixa em nada que conhecemos. É como se alguém estivesse acenando para nós de muito, muito longe."

João riu, um som caloroso e contagiante. "Talvez seja um baiano perdido no espaço, com saudades de um bom acarajé." Elara sorriu, apreciando a leveza dele. Era bom ter alguém que a puxasse de volta à realidade, que a lembrasse que a vida não era apenas sobre números e teorias.

Enquanto comiam, Elara contou a João sobre a anomalia, sobre suas tentativas de decifrá-la. Ele ouvia com atenção, fazendo perguntas simples, mas pertinentes, que a ajudavam a organizar seus próprios pensamentos. A presença de João era um bálsamo, uma âncora em seu mundo de incertezas cósmicas. Ela o amava, profundamente, e a ideia de qualquer coisa perturbar a paz que eles haviam construído era impensável.

No entanto, enquanto João falava sobre seu dia, sobre as novidades do trabalho e os planos para o fim de semana, os olhos de Elara voltavam-se para a tela do computador, onde o gráfico do pulso de energia continuava a brilhar, um convite silencioso para o desconhecido. Ela não sabia, mas aquele pulso, aquela anomalia, era o primeiro elo de uma corrente que a puxaria para longe de seu porto seguro, para um amor que desafiaria tudo o que ela conhecia, e para um destino que ela jamais poderia ter imaginado. A mente de Elara, apesar do conforto da presença de João, já estava se preparando para a inevitável colisão entre seu mundo familiar e o universo de possibilidades que aquele sinal alienígena prometia. A curiosidade científica, aliada a uma estranha premonição, a impulsionava para a frente, para o desconhecido, para Kael.

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