104 Renascimento da Resistência
O sol já estava alto quando Helena abriu os olhos.
A claridade atravessava as cortinas do quarto improvisado do hospital.
O cheiro de desinfetante era forte, mas o que mais a incomodava era o silêncio.
Silêncio de algo que terminou — ou estava apenas começando.
Na mesinha ao lado da cama, havia um copo d’água e uma pequena flor deixada por Miguel.
Ela tocou o papel preso ao copo.
“Você sobreviveu. Agora é hora de lutar. — M.”
As palavras eram simples, mas carregadas de peso.
Helena sentou-se devagar, ainda com o corpo dolorido.
A lembrança do armazém queimando voltava em flashes: os tanques, o líquido azul, os olhos de Caio se abrindo.
Nada daquilo parecia real — e ainda assim, era impossível esquecer.
A porta se abriu suavemente.
Miguel entrou, com o semblante cansado e um café na mão.
— Finalmente acordada — disse ele, com um leve sorriso.
Helena tentou sorrir de volta. — Quantas horas eu dormi?
— Quase vinte. Achei que nunca mais ia te ver acordada.