Amiel
Cheguei à cozinha no momento exato para flagrar Atenor e Ania se agarrando como se o mundo fosse acabar naquela noite. O cheiro no ar era inconfundível — desejo e cio. Meus olhos rolaram antes que minha irritação transbordasse.
— Vocês viram a Lívia? — perguntei, tentando soar indiferente, mesmo com o lobo dentro de mim rugindo de ansiedade. — Essa hora ela já costuma ter voltado da matilha dos pais.Os olhos da Ania brilharam com uma verdade que sua boca tentou negar. Fingiu ignorância com um balançar de cabeça. Não desperdicei fôlego com Atenor — aquele desgraçado sempre foi cúmplice do irmão.
Subi pro quarto e disparei uma mensagem para o Antero. A resposta veio rápida demais: “Estamos na casa dos pais dela.” Um lugar onde eu nunca estive. Um convite que nunca veio. Se ela quisesse minha presença, teria me chamado. Mas não chamou.
Joguei o celular na cama. A frustração começou a contar segredos que meus olhos não conseguiam enxergar.A noite foi se arrastando e meu lobo