Adam estava sentado em sua sala, um dos cômodos mais discretos da imponente mansão dos Harris. Aquele espaço silencioso, com paredes revestidas em madeira escura e móveis clássicos, era seu refúgio desde que fora transferido para ali. Embora a decoração fosse refinada, refletindo a riqueza da família, a atmosfera carregava o peso invisível dos segredos e das dores acumuladas com o tempo.
Os olhos de Adam percorriam distraidamente os detalhes do ambiente: o brilho discreto da lareira apagada, a biblioteca de volumes antigos, a poltrona onde tantas vezes havia adormecido de exaustão. Mas sua mente estava longe dali - mergulhada em lembranças que preferia esquecer.
Lembrava-se com nitidez do dia em que tudo começou.
Henry Harris, o tio de Giovanni, o havia convocado com urgência. Adam jamais se esqueceria do olhar de Henry naquela tarde - cansado, preocupado, marcado por anos de perdas. Giovanni, então com pouco mais de vinte anos, estava trancado no quarto do segundo andar, entre a vida