Olhei para o relógio do celular e senti o estômago apertar. A última aula se estendeu muito além do previsto, e eu ainda precisava encontrar um táxi para chegar à OMEGA - o prédio elegante e imponente que constava no papel prateado que Mia me entregou. Não fazia ideia de como chegar lá de ônibus, e não queria arriscar.Felizmente, Londres era uma cidade bem planejada, e em poucos minutos eu já estava dentro do táxi, observando a cidade através do vidro da janela com um misto de encantamento e nervosismo. A paisagem urbana me impressionava, mesmo nos detalhes mais sutis: os prédios altos, a movimentação constante, os cafés nas esquinas com suas vitrines convidativas... Eu estava apaixonada por essa cidade e por tudo que ela estava começando a me proporcionar. Só esperava que essa nova oportunidade não fosse um sonho passageiro.O carro desacelerou em frente ao prédio da OMEGA e parou. A construção era ainda mais imponente do que nas fotos: uma torre de vidro escuro, moderna, com um des
Alice GiordanoMinha semana inteira foi uma verdadeira correria. Dividida entre a faculdade, a adaptação ao novo trabalho e as saídas com Julia - que ainda não superou o fato de seu irmão ter me demitido - eu mal tive tempo de respirar. Tentei explicar a ela que estava tudo bem, que eu não guardava mágoas, afinal, Daniel só fez o que era necessário. Mas Julia continuava emburrada, como se minha tranquilidade fosse um insulto à sua indignação.Durante a semana de experiência, imaginei que finalmente veria o famoso senhor Harris, o CEO da OMEGA. No entanto, ele estava em viagem. Primeiro uma reunião na América do Norte, depois o fechamento de um importante contrato com uma das empresas que ele vinha negociando. Pelo que Mia me contou, os compromissos não paravam. Quando disse que ele era um homem ocupado, não estava exagerando.Descobri rapidamente que trabalhar ali era mais intenso do que eu imaginava. A quantidade de documentos que precisavam ser escaneados, catalogados e arquivados e
Giovanni ManciniO dia tinha sido longo. Repleto de reuniões cansativas, discursos corporativos que me interessavam tanto quanto o som de um ventilador quebrado, e uma dor de cabeça constante martelando minhas têmporas. O pior de tudo era saber o motivo oculto por trás da minha impaciência: uma garota. Alice Giordano.Uma menina tímida. Inocente. Alguém que mal me conhecia, que provavelmente não sabia nem soletrar meu sobrenome. E ainda assim... era ela quem me fazia perder o foco. Era ela quem me transformava nesse idiota ansioso, obcecado em saber o momento exato em que colocaria os pés dentro do prédio para que eu pudesse vê-la - mesmo que apenas de longe.Desde o momento em que meus olhos encontraram os dela, algo dentro de mim virou do avesso. E eu odiei isso.Meu humor oscilava entre a excitação por ver meu plano se desenrolando com perfeição... e a raiva. Raiva de perder o controle. De me ver distraído, irritado, desejando algo mais do que vingança. Seus olhos cor de mel, a del
AliceLá estava ele... mais uma vez, cruzando o meu caminho. Às vezes, eu começava a acreditar que o destino tinha um estranho senso de humor - e estava brincando com o meu coração. Nunca fui de notar homens, tampouco imaginei que um dia pudesse sentir algo por alguém. Mas agora, parecia inevitável.Fui criada para seguir outro caminho. Durante boa parte da minha vida, fui preparada para viver em um convento. O silêncio, a disciplina, a fé - tudo fazia parte do que deveria ser o meu destino. Mas, como tudo que envolve meu pai, as coisas não saíram como planejado. Assim como me colocou lá, Luca me arrancou daquele mundo... e com isso, destruiu o pouco de paz que eu ainda tinha.Culpo meu pai por tudo de ruim que me aconteceu. E, de certo modo, também pelas consequências do que ainda está por vir. Mas, por mais absurdo que pareça... dessa vez, eu não conseguia me sentir mal. Não conseguia odiar o que estava sentindo.Deitada na cama do apartamento, os olhos fixos no teto, deixei um sorr
GiovanniEu estava parado junto à janela do meu apartamento, no último andar do edifício mais imponente da capital londrina, observando a cidade que nunca dormia. As luzes dos postes e dos arranha-céus compunham um mosaico vibrante que cortava a escuridão da noite. Para muitos, aquela visão seria motivo de encanto. Para mim, era apenas o pano de fundo dos meus planos sombrios.Minha mente fervilhava com pensamentos frios e meticulosamente calculados. Eu era conhecido por ser implacável, alguém que não hesitava quando o assunto era vingança. E naquela noite, esse desejo ardia dentro de mim com mais intensidade do que nunca. Alice... tão inocente, tão vulnerável. Não era culpada pelos crimes do pai, mas isso não importava. Eu a usaria como peça-chave no meu jogo de vingança. Ela pagaria pelos pecados de Luca, mesmo sem merecer.Enquanto observava as luzes ao longe, imaginei como seria seduzi-la, conquistar sua confiança e fazê-la se apaixonar por mim. Pintava em minha mente uma vida ao
PolôniaOthon permanecia imóvel na varanda de sua imponente propriedade, uma figura esculpida na penumbra do entardecer. O rosto marcado pelo tempo parecia feito de pedra, inexpressivo, como se há muito tivesse esquecido como sentir. À sua frente, estendia-se um vasto campo, uma tapeçaria viva de pastagens verdejantes e flores silvestres em tons de azul, vermelho e amarelo. A beleza do cenário contrastava de forma cruel com a escuridão que dominava seu interior.O sol mergulhava lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e rosados, mas nada daquilo comovia Othon. A fúria queimava dentro dele, densa e silenciosa, como a lava de um vulcão prestes a explodir. Desde o desaparecimento de Alice, um vazio tomou conta de seus dias - e, mais do que isso, a humilhação de ter sido desafiado publicamente.Alice, com apenas vinte anos, havia capturado sua atenção no instante em que seus olhos a encontraram. Jovem, delicada, perfeita para ocupar o lugar ao seu lado. Othon, homem de id
AliceEu sabia que não deveria estar tão ansiosa pelo fim da aula. Pensar em Giovanni era um erro. Um erro que poderia me custar o emprego. Ainda assim, não consegui evitar.A última aula da faculdade se arrastava como um pesadelo sem fim. Meus pés balançavam inquietos debaixo da cadeira, e eu olhava para o relógio na parede a cada minuto, como se isso fosse acelerar o tempo. Quem me visse pensaria que eu estava preocupada com o horário do trabalho - e essa era a desculpa perfeita. Mas a verdade era outra. Eu só queria voltar para o lago, para a presença dele.Giovanni.Meu chefe.A simples lembrança do seu sorriso me fazia corar. Ele era sedutor, carregava uma aura de poder e mistério que me prendia como uma corrente invisível. Seus olhos, profundos e intensos, pareciam ler meus pensamentos. E aquele perfume... masculino, envolvente... Era suficiente para me arrepiar toda vez que ele passava por mim. Eu era só uma assistente novata na empresa, mas nossos encontros haviam cruzado uma
GiovanniHavia algo errado comigo.Desde a noite passada, não conseguia afastar Alice dos meus pensamentos. Eu não queria sentir remorso ou pena. Isso enfraquecia. Eu deveria ser frio... calculista. Como Luca.Mas me comparar a ele era quase uma ofensa.Aquele homem puxou o gatilho sem hesitar, mirando no ventre da minha esposa grávida. Cometeu atrocidades sem sequer piscar e ainda hoje anda por aí como se fosse intocável. Já eu... estava aqui, perturbado por ter pedido a Adam que apenas assustasse uma garota - uma jovem que, por ironia do destino, eu planejava transformar em minha esposa.No entanto, meus planos estavam começando a ruir por dentro.Já fazia alguns dias que ela aparecia nesse escritório, e cada vez que a via, algo dentro de mim vacilava. Alice era gentil, educada, determinada... Tinha um olhar doce, angelical, e um sorriso que me lembrava de Polina. Era impossível não notar. Mas não podia compará-las. Uma foi o amor da minha vida. A outra... carrega o sangue do homem