Não podia estar mais feliz. Minha irmã havia saído do hospital e estava bem. Ângelo Moretti nos levou a um shopping que ele havia fechado só para nós. Ver a alegria da minha irmã ganhando roupas novas, sapatos, meias – coisas que ela nunca teve, já que nosso pai sempre gastou tudo com seu vício – foi indescritível. As poucas coisas que Mavie tinha eram dadas por mim, e eu não tinha muito a oferecer. Ela ficou deslumbrada com aquele universo. Era a primeira vez dela em um shopping; estava saltitante, alegre. E, querendo ou não, esse ato me fez olhar para Ângelo de forma diferente. Obviamente, vê-lo fazer minha irmã feliz me fazia feliz também. Ele também me comprou coisas: muitas roupas, vestidos, saias – peças que nunca poderia comprar na vida, roupas chiques e elegantes que eu só havia visto em vitrines. O caminho de volta para casa foi silencioso. Minha irmã, exausta, dormia, e eu só pensava naquilo: estava encantada, pois nunca havia tido nada daquilo. Moretti me oferecia coisas