OLIVIA
Já se passaram dois dias desde que Xander partira, dois dias sem comida ou água, e meu corpo enfraquecia progressivamente, enquanto eu sentia, com peso crescente, cada dor latejante nos ossos e cada fratura no meu espírito. Contudo, havia uma pequena centelha de esperança em meio àquele tormento físico, porque o sedativo que ele usara para me paralisar finalmente começava a perder o efeito.
Quando apertava minhas pernas com força, sentia um leve formigamento, quase insignificante, mas ainda assim suficiente para me dar o mais tênue lampejo de alívio, como uma promessa de que, em breve, eu voltaria a me mover. Isso só aconteceria, no entanto, se eu não desabasse antes sob o peso da sede e da fome que me consumiam.
O pior de estar naquele inferno não era a paralisia em si, mas sim o silêncio sufocante e a incerteza constante, pois eu não tinha como saber se era dia ou noite, e o tempo havia deixado de existir naquela tumba escura e opressiva, onde a cada instante eu sentia como se