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Capitulo 6: "Um último beijo e uma despedida."

           POV: LUANA

Fiquei ali, parada, olhando para a lua mais uma vez. Ela parecia sorrir para mim, como se entendesse tudo o que eu sentia.

Naquele momento, soube que meu coração já não era mais meu. Ele pertencia ao homem que carregava segredos demais, dores que eu sequer poderia imaginar, mas que, naquela noite, sob a luz suave da lua, entregou a mim a única coisa que ainda era dele: o seu amor.

E em meio a todas as incertezas que nosso relacionamento trazia, havia algo que eu sentia com absoluta certeza – meu amor por ele. Nada no mundo poderia mudar isso.

(...)

Passaram-se alguns dias sem que eu fosse até a ONG. Meu pai estava pegando no meu pé por causa dos estudos, e aquela semana era de provas na faculdade. Eu não podia vacilar. Precisava focar, estudar e garantir minhas notas. Mas, a cada noite, quando deitava na cama, o rosto de João invadia meus pensamentos, assim como seu sorriso triste, seu olhar perdido, seu corpo quente junto ao meu sob a luz da lua.

Senti tanta saudade que parecia doer no peito. Eu o amava. E amava com uma intensidade que eu não sabia que existia dentro de mim.

Quando as provas acabaram, no dia seguinte fui direto para a ONG. Não podia mais esperar. Eu precisava vê-lo, sentir seu cheiro, ouvir sua voz. Precisava dizer que o amava, que ele era meu futuro e que não importava o resto do mundo.

Assim que cheguei, procurei por ele ansiosa. Procurei por ele em seu lugar favorito e não o encontrei, ele não estava com os outros. Então fui até o seu quarto, e meu coração disparou ao vê-lo sentado em sua cama, sozinho, olhando para o nada. Caminhei até ele sem hesitar.

— Meu amor… que saudade — falei baixinho, me abaixando em sua frente e o abraçando com força.

Mas, ao contrário do que imaginei, ele não retribuiu meu abraço. Seus braços caíram pesados ao lado do corpo. Quando me afastei, vi que seus olhos estavam marejados, vermelhos, como se ele tivesse passado horas chorando.

— Lua… vá embora. E não me procure nunca mais. — disse ele, com a voz embargada, sem olhar nos meus olhos.

Senti como se alguém tivesse arrancado o chão debaixo dos meus pés. Meu coração parou por alguns segundos antes de disparar em desespero.

— O que houve, meu amor? — perguntei, sentindo minha voz falhar, e as lágrimas já queimando meus olhos.

Ele respirou fundo, passando a mão trêmula pelo rosto. Quando finalmente me olhou, seus olhos estavam cheios de dor.

— Lua… você não é mulher pra mim. Olhe pra você, olhe pra mim. Que futuro teríamos juntos? Você é uma menina linda, rica, com um futuro brilhante pela frente… e eu… eu sou um nada… — disse, sua voz quebrando enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto. — Minha vida acabou, Lua… eu não tenho nada pra te oferecer.

Neguei com a cabeça, sem acreditar no que estava ouvindo. Segurei seu rosto entre minhas mãos e enxuguei suas lágrimas com meus polegares.

— Meu amor, você tem o seu amor. E isso é tudo o que eu preciso… o meu futuro é com você. Vamos ficar juntos, vamos lutar… eu não me importo com mais nada. — falei, tentando controlar meu choro.

Ele balançou a cabeça negativamente, fechando os olhos com força enquanto as lágrimas continuavam caindo.

— Eu te amo tanto, Lua… tanto… que não posso permitir que você estrague sua vida comigo. Você jamais seria feliz ao meu lado. Eu não tenho mais nada a te oferecer. Tenho vinte e sete anos, e você só tem dezoito… sua vida está apenas começando, e a minha já acabou — disse ele, chorando tanto que sua voz falhava.

— João… por favor, eu… — tentei falar, mas ele me interrompeu, segurando meus braços com força.

— Você sempre será a minha lua… minha menina, meu raio de sol, e minha luz em meio a escuridão. E eu te amo… te amarei pra sempre, nunca se esqueça disso. Mas quem ama… quem ama de verdade quer ver a pessoa amada feliz, mesmo que para isso tenha que sofrer. E eu… eu quero te ver feliz, realizando seus sonhos, com um futuro brilhante pela frente, e sendo a médica que você sempre almejou ser. — disse ele, me puxando para um abraço tão forte que senti meu coração se despedaçar dentro do peito.

Choramos juntos, abraçados, enquanto eu sentia suas lágrimas molhando meu cabelo.

— João, eu te amo… por favor, não faz isso comigo, não faz isso com a gente e com o nosso amor… — implorei, sem conseguir conter meus soluços.

Ele me afastou devagar, segurou meu rosto e me deu um último beijo. Um beijo que tinha gosto de amor e despedida. Um beijo que quebrou cada parte do meu coração. Quando se afastou, passou a mão pelo meu rosto com delicadeza, como se quisesse guardar minha imagem em sua memória para sempre.

— Eu não posso, Luana… não posso destruir o seu futuro. Seja feliz, minha menina… seja feliz! — disse ele, com a voz falha, antes de se levantar, virar as costas e sair rapidamente, batendo a porta atrás de si.

Fiquei ali, ajoelhada no chão frio daquele quarto, sentindo minhas lágrimas molharem meu rosto e meu peito doer como nunca antes. Chorei… chorei como uma criança que perde seu brinquedo preferido, mas a dor que eu sentia era muito maior. Era como se tivessem arrancado um pedaço de mim.

Saí dali horas depois, andando sem rumo pelas ruas até chegar em casa.

Naquele dia, enquanto me jogava na cama, percebi que minha vida nunca mais seria a mesma. Porque, a partir daquele momento, meu coração não me pertencia mais… ele estava partido, e cada pedaço ainda gritava por ele.

E naquela noite silenciosa, olhando a lua pela janela, só consegui dizer baixinho:

— Volta pra mim, João… por favor, volta pra mim meu amor…

                   

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