Nunca aceitei a ideia de ser frágil. Nunca fui aquela garota que esperava ser salva no cavalo branco. Cresci aprendendo a me levantar sozinha, a engolir a dor e a seguir em frente. Por isso, naquela manhã em que o sol mal tocava a copa das árvores, recusei a fantasia que alguns tentavam me impor: a de donzela indefesa. Eu não era um troféu. Eu não era um prêmio. E jamais deixaria que aqueles lobos me transformassem em motivo de escárnio.
Vesti roupas de treino — calça justa, regata e tênis — e prendi o cabelo em um rabo prático. Fingiria uma corrida matinal. Era a desculpa perfeita: sair sem alarde, deixar meus pensamentos limpos pelo ar, observar a alcateia sem sermões. Mas já desde a primeira passada percebi que a manhã seria diferente. Os olhares começaram mais frios que os de costume; sussurros se abateram como um vento gelado. Eu sabia o que vinha pela frente.
Quando atravessei o pátio, um grupo de mulheres se ajeitou, como se uma orquestra invisível comandasse a cena. A chefe de