Capítulo 111
Lucia Bianchi Strondda
Eu ainda estava com a roupa do galpão — sangue seco, cheiro de fumaça, escuridão grudada na pele. Aquilo não pertencia à minha casa. Não pertencia a nós.
Vinícius fechou as portas.
Soltei um suspiro longo.
— Eu preciso de um banho. — murmurei, já andando pelo corredor, e fui tirando a roupa ali mesmo.
Cada peça caindo no chão pelo caminho como se eu estivesse descartando pedaços do inferno que tinha acabado de atravessar.
Senti o olhar dele em mim.
Não precisei ver.
Era aquela sensação quente queimando minha nuca, o peso do Don me acompanhando como uma mão invisível.
Passei pela sala, fiquei só de lingerie e continuei andando até o quarto. Joguei o sutiã na poltrona, deixei a calcinha por último, só porque era impossível não ser um pouco cruel com ele.
Bom… eu tinha acabado de sair de um galpão em chamas. Um pouco de maldade leve era quase um descanso.
Quando entrei no quarto, notei algo.
Vinícius não vinha atrá