Depois de ficar pronto, ajustei o relógio no pulso e respirei fundo antes de sair do quarto. O nó no estômago não tinha nada a ver com negócios, ou contratos. Era algo bem mais incômodo. Algo que eu não queria nomear.
Caminhei pelo corredor longo da casa, iluminado por arandelas amareladas, quando encontrei Hilda, a mulher que mantinha tudo funcionando como um relógio suíço. Ela espanava um aparador antigo, mas parou por um segundo quando me viu. Seus olhos pousaram em mim… e depois fugiram rápido demais.
— Boa noite, Hilda.
— B-boa noite, senhor.
A voz saiu trêmula. Ela voltou a espanar os objetos com empenho exagerado, como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo.
Ela estava nervosa. Demais.
Franzi o cenho, mas não disse nada. Continuei andando. Se eu parasse para pensar em cada detalhe estranho, não sairia do lugar.
Quando cheguei à cozinha, encontrei minha avó sentada à mesa, com uma xícara de café e alguns biscoitos simples. Ela parecia tranquila demais para quem tinha u