Eu precisava encontrar algo rápido para dizer, porque jamais confessaria para Dona Tereza que era mais fácil me apaixonar pela língua do neto dela do que pelo próprio Thomas. Era um absurdo até pensar nisso. Eu queria um buraco no chão para me enfiar dentro.
— Eu… estou cansada.
Respirei fundo.
— Não tive uma noite boa de sono, e também não tomei banho ainda. A senhora poderia me mostrar onde vou ficar? Só quero descansar um pouco.
Ela me olhou com cuidado, como quem identifica sentimentos escondidos.
— Você já está satisfeita? Não quer comer mais nada?
— Não, já estou bem. Obrigada. Só preciso dormir um pouco.
Tereza assentiu, recolheu meu prato e colocou na lavadora. Depois voltou a me encarar com gentileza.
— Pode tomar banho e descansar no meu quarto até eu mandar ajeitarem o seu.
— Sério?
Perguntei, surpresa.
— Claro, querida. Venha comigo.
A segui pelos corredores da casa, que era ainda maior por dentro do que parecia. O piso de madeira brilhava sob a luz natural que entrava