Entrar na empresa carregava um peso que eu sempre odiei, o peso dos olhares. Especialmente os das mulheres.
Eu tinha desejo pela maioria delas, não vou negar, mas minha mãe repetiu a vida inteira que "as da empresa, não".
Proibição sempre foi uma palavra que me deu coceira.
— Bom dia, Sr. Thomas...
Disse Giselle, a recepcionista, ajeitando o decote com aquela intenção óbvia.
— Bom dia, Giselle.
Respondi, seguindo direto para o elevador privativo.
As portas se fecharam, e no espaço apertado, respirei fundo. Eu ainda estava com a cabeça no café da manhã na casa da minha avó, na Bia, na forma como tudo tinha fugido do controle tão rápido.
Mas agora eu tinha outro tipo de inferno para enfrentar.
Quando o elevador abriu no último andar, a assistente da minha mãe já me esperava.
— Bom dia, Sr. Thomas.
Disse Alice, puxando o blazer para alinhar a postura.
— Bom dia, Alice.
Não esperei por anúncio nenhum. Entrei direto na sala da minha mãe.
Ela estava ao telefone, postura rígida, expressão