Narrado em terceira pessoa
O sol da manhã mal aquecia o jardim da frente. Khaled e Lara tomavam café em silêncio na varanda, o cheiro de cardamomo e pão fresco preenchendo o ar. Ela estava quieta, com os olhos levemente inchados de sono, e ele a observava com a mesma paciência felina de sempre.
Tudo parecia calmo.
Até que a calmaria foi quebrada pelo som de vozes se exaltando do lado de fora dos portões.
Gritos.
Um deles... familiar.
— NATÁLIA! ME DIZ ONDE MINHA FILHA ESTÁ, KHALED! SEU MALDITO!
Lara se levantou bruscamente. O corpo congelou por um segundo. Ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
— É o meu pai.
Khaled ergueu os olhos lentamente. Bebeu mais um gole de café, impassível.
— Ele não vai entrar — disse, seco.
— Deixa ele entrar — insistiu Lara, firme. — Quero ouvir o que ele tem a dizer.
Ele não respondeu de imediato. Cruzou os braços e observou os segura